Rita Valadas, opinião, in TSF
Sinto que nos estão a tentar colocar cuidadosa e temerosamente numa perspetiva de esperança de que a crise pandémica pode estar a iniciar o caminho do fim e o país poderá assumir o caminho da retoma...
Não sei o que pensam, mas eu sinto saber cada vez menos o que nos espera e quais são de facto as consequências deste tempo que temos vivendo, para o futuro, sobretudo das crianças que apanharam este "novo anormal" em alturas especialmente significativas do seu desenvolvimento
É indiscutível que esta pandemia nos mudou, mas também é verdade que muitas das coisas, boas e más, novas ou nem tanto, que agora chamam a nossa atenção não foi a pandemia que trouxe, nós é que não estávamos atentos. Lamentavelmente a distância que nos afastava dos mais velhos, por exemplo, já grassava muito antes e é bom não nos esquecermos disso.
Seja como for, esta crise, oferece a oportunidade de retomar, mas também de reformular. Podemos voltar ao caminho do futuro antigo ou podemos ousar escolher outro rumo. Primeiro teremos de saber com que contamos e depois temos de tomar rédeas do que fomos "empurrando com a barriga". Acho que este espaço de "desculpa" com a pandemia nos tornou muitas vezes desatentos e até indolentes. Quanto maior foi o nosso confinamento, mais afastados ficámos dos objetivos, mais escondidas as vulnerabilidades, mais enevoadas as nossas responsabilidades, como se o que não víamos não nos obrigasse.
Teremos agora de encontrar o caminho para o desenvolvimento económico, social e pessoal.
Pôr a render competência e talentos sem prejudicar o bem-estar.
Reconfigurar a nossa ação e os nossos contratos para podermos agir com propósito, resultados e harmonia.
Reafirmar os afetos com uma nova proximidade e o adequado distanciamento.
É verdade que fomos forçados a ficar em casa, a afastar-nos fisicamente dos que nos eram próximos e do contexto social que tínhamos, mas creio que podemos hoje, com clareza perceber, que os mais graves distanciamentos eram já bem anteriores ao COVID e isso dá muito que pensar e muito que fazer....
Garantia para a Infância
As questões da Infância são particularmente caras para a Rede Caritas em Portugal dada a N. Missão, a importância estratégica para o futuro e a necessidade de encontrar formas de erradicar a pobreza, combater a reprodução do fenómeno e proteger os mais vulneráveis.
A Garantia Europeia para a Infância, tem como objetivo principal, prevenir e combater a exclusão social, garantindo o acesso das crianças em risco de pobreza ou exclusão social a um conjunto de serviços essenciais, contribuindo assim para a defesa dos direitos das crianças, o combate da pobreza infantil e promoção da igualdade de oportunidades.
Em Outubro de 2021 o Conselho de Ministros aprovou a designação de um Coordenador Nacional da Garantia para a Infância e da estrutura da coordenação nacional, e solicitou contributos com vista à elaboração do Plano de Ação 2022-2030.
O cumprimento do objetivo inscrito na Estratégia colocará Portugal no nível dos países com mais baixas taxas de pobreza infantil na União Europeia.
A CARITAS congratula-se com o compromisso político assumido, mas manifesta apreensão em relação ao seu alcance, face à análise da evolução da taxa de pobreza infantil e de exclusão social, registada nos últimos dez anos.
O cumprimento do objetivo inscrito na Estratégia colocará Portugal no nível dos países com mais baixas taxas de pobreza infantil na União Europeia e para isso teremos que trabalhar.
Por considerar que se torna necessário identificar as medidas que vão concorrer no âmbito deste Plano, enviámos um conjunto de recomendações específicas para a S. concretização. Foi, com o espírito de colaboração que nos move que, com o contributo da Rede Caritas em Portugal o Observatório Cáritas correspondeu, com uma perspetiva estratégica, mas também com uma perspetiva do olhar capilar e da proximidade da Rede Caritas.
Seria bom que todos pudéssemos participar.