Joana Gorjão Henriques, in Público on-line
A Suíça voltou a ser o principal país de remessas de emigrantes em 2021. Total atingiu quase os 3,7 mil milhões de euros, mais 1,8% do que no ano passado, mostram os dados do Banco de Portugal.
No ano passado a emigração para o estrangeiro diminuiu, em grande parte resultado da pandemia e dos efeitos do Brexit, já que o Reino Unido era um dos destinos de eleição de portugueses e sofreu uma baixa de 70%.
Só que, mesmo assim, as remessas foram as mais altas desde que foi introduzida a moeda euro, mostram os dados do Banco de Portugal compilados pelo Observatório da Emigração: entraram no país 3.677.76 milhões de euros em remessas de emigrantes, mais 1.8% do que no ano passado, o que representa uma inversão da tendência de descida que se tinha registado no ano anterior.
O pico da emigração portuguesa atingiu as 120 mil saídas em 2013, e o das remessas aconteceu em 2001, ainda antes da introdução do euro, com um valor um pouco mais elevado do que o do ano passado, feita a correspondência para a nova moeda: 3.736.82 milhões de euros. Segundo mostra o Observatório da Emigração, entre 2001 a 2021 a variação no valor das remessas dos emigrantes recebidas em Portugal faz o desenho de uma curva em ‘U': desceu até 2009, e voltou a subir em 2010, com 2012 e 2013 a serem anos de destaque, ultrapassando a barreira dos 3 mil milhões neste último.O Observatório da Emigração chama porém a atenção para o facto de as variações deverem ser analisadas “com cautela” já que, “em alguns casos, estas mudanças podem ser explicadas mais por variações cambiais do que por modificações na emigração”.
São os países onde vivem mais portugueses, mas também para onde mais portugueses emigraram, Suíça e França, que mais enviaram dinheiro para Portugal no ano passado: juntos, representaram mais de 56% do total em 2021. A Suíça continuou a ser o principal país de envio de remessas, com 28% do total, algo que repete a tendência do ano anterior. Foram viver para a Suíça no ano passado 7.542 portugueses, continuando este a ser o segundo país do mundo com mais emigrantes portugueses (eram 210.731 em 2020), depois de França com mais de meio milhão.
Já em relação ao Reino Unido a quebra na emigração foi muito significativa: tinham sido 20 mil os portugueses a ir viver para aquele país em 2020 e foram três vezes menos em 2021. Mesmo assim, o Reino Unido foi o terceiro principal país de envio de remessas, com 11,7%, ficando Angola em quarto com 6,8% e os Estados Unidos com a mesma percentagem. As remessas enviadas de Espanha, que era um dos países de eleição da emigração portuguesa e sofreu uma quebra de mais de 36%, foram quase metade das da Alemanha ficando estes dois países em sexto e sétimo lugar respectivamente.