7.3.12

Quase 26% das mulheres portuguesas correm risco de pobreza

in Agência Financeira

62 milhões de mulheres e 54 milhões de homens estão nesta situação na União Europeia



Celebra-se esta quinta-feira o Dia Mundial da Mulher, uma altura de balanços e estatísticas no feminino. Quantas mulheres existem a mais do que os homens entre a população europeia e entre os idosos? Qual a percentagem de mulheres em risco de pobreza ou exclusão social? Como é que as taxas de emprego para homens e mulheres diferem pelo nível de educação? E será que as mulheres compram mais bens e serviços através da Internet do que os homens? As respostas a estas perguntas estão num relatório do Eurostat que foi divulgado esta quarta-feira.

No final do ano passado, existiam 257 milhões de mulheres na União Europeia, mais do que os homens (245 milhões). Contas feitas, 105 mulheres para cada 100 homens. Em Portugal a média é idêntica - 106,7 mulheres por cada 100 homens.

A proporção é significativamente maior se nos concentrarmos na população idosa: 139,7 mulheres para cada 100 homens em Portugal, mais do que a média europeia (138,2).

Quanto ao risco de pobreza, também é maior entre o sexo feminino. Portugal apresenta aqui estatísticas mais negras: 25,8% das mulheres estão nesta situação, contra 24,8% dos homens. Ambos os casos acima da média dos 27 da União Europeia.

Em 2010, estavam contabilizadas 62 milhões de mulheres (24,5%) e 54 milhões de homens (22,3%) risco de pobreza ou exclusão social no Velho Continente.

A proporção de mulheres em risco de pobreza ou exclusão social é, de resto, superior à dos homens em todos os Estados-Membros. As maiores diferenças entre mulheres e homens foram registradas na Itália (26,3% contra 22,6%), Áustria (18,4% e 14,7%) e Eslovénia (20,1% e 16,5%). Os países com menos desigualdades a este nível são a Estónia, Letónia, Lituânia e a Hungria (todos com diferenças de menos de 1 ponto percentual).

No mercado de trabalho, também ainda há diferenças substanciais, com 67,7% das mulheres empregadas em Portugal, comparando com 78,1% dos homens.

Entre as habilitações baixas ou médias, as diferenças são maiores (60,5% contra 75,5% de homens e 76,3% contra 83,6%) do que entre pessoas licenciadas (85,1% mulheres face a 85,9 homens%).

Outro indicador revelado pelo Eurostat prende-se com as compras e serviços adquiridos pela Internet. Os homens portugueses compram mais viagens e fazem mais reservas em hotéis (46% contra 40% de mulheres), mas elas ganham, por exemplo, na compra de roupas por esta via (43% face 26% de homens).

Oito em cada dez trabalhadores com redução de horário são do sexo feminino, segundo um estudo do Instituto Nacional de Estatística (INE), que recorda que são as mulheres quem mais tenta conciliar vida familiar e trabalho.
«Entre os trabalhadores que optaram por reduzir o horário de trabalho em benefício dos filhos, as mulheres representavam 78,6% dos casos em 2010», revela o INE na véspera do Dia Mundial da Mulher.

Também o INE confirma que as mulheres estão mais vulneráveis à pobreza em Portugal, porque têm menos oportunidades de emprego, apesar de terem cada vez mais estudos.

Olhando para os principais factos do retrato demográfico feminino na última década percebe-se que a discriminação ainda é uma realidade nacional: apesar de terem aderido às novas tecnologias e integrarem o mercado de trabalho, têm taxas de desemprego mais elevadas do que os homens.

O número de beneficiárias de prestações de desemprego aumentou 36,7 na última década, período em que diminuiu o número de jovens que abandonam precocemente a escola e aumentou o número de mulheres com nível de escolaridade superior (duplicou o número de doutoradas) e secundário.