13.4.12

CCP: número oficial de desempregados deve chegar a um milhão

in Público on-line

A Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP) não se mostrou hoje surpreendida com o aumento dos desempregados inscritos em Março nos centros de emprego do IEFP, antecipando que um “agravamento significativo” da situação no segundo semestre elevará os desempregados até um milhão.

“Estamos muito preocupados, até porque tememos um agravamento significativo da situação no segundo semestre que é, para muitos sectores, a altura do ano em que facturam mais e vai faltar mais na economia o dinheiro dos subsídios de férias e de Natal dos funcionários públicos”, afirmou o presidente da CCP em declarações à agência Lusa.

Segundo João Vieira Lopes, “se não se conseguir estabilizar a situação no primeiro semestre, no segundo a tendência será para piorar”.

Num comentário aos últimos dados do Instituto do Emprego e da Formação Profissional (IEFP), que apontam para um aumento homólogo de 19,8%, para 661.403, dos desempregados inscritos em Março nos seus centros de emprego, Vieira Lopes considerou que estes números “não esgotam o desemprego, que é mais alto”, devendo rondar as 826.000 pessoas apontadas pelos cálculos do Instituto Nacional de Estatística – mas apenas segundo os critérios oficiais, pois os mesmos dados indicam que haverá já 1,057 milhões de desempregados, dando uma taxa de 18,2%, juntando os desencorajados e os inactivos disponíveis aos desempregados e à população activa.

Para a CCP, o crescimento revelado pelo IEFP em Março “não é nada que espante”, dada a falta de “medidas de relançamento económico, nomeadamente de financiamento das empresas”, a acompanhar as medidas de austeridade previstas no Orçamento do Estado.

Recessão “nunca será inferior a 4%”

“Desde então que alertámos que a retracção do mercado iria ser superior ao que o Governo apontava”, recorda o presidente, explicando que, “na altura, apontava-se para 2,5% e agora já se fala em 3,3%”, mas para a CCP a contracção económica “nunca será inferior a 4%”.

Para a confederação, o mais “preocupante” é que “não se vê, da parte das políticas da área económica do Governo, dinâmica suficiente para inverter esta situação, em particular no que se refere ao financiamento das empresas”.

“Há empresas que estão a ser estranguladas por falta de financiamento e temos alertado o Governo para isso, assim como também alertámos que a parte económica do acordo de concertação social está extremamente atrasada. O Governo concentrou-se numa área válida, que é a alteração da legislação laboral, mas, se não for articulada com medidas de relançamento da economia, a situação vai tender a deteriorar-se”, alerta Vieira Lopes.

Na sua opinião, as actuais medidas para o financiamento das empresas, nomeadamente as linhas de crédito, “são em número reduzido, com taxas de juro altas, e os bancos estão a dificultar o seu acesso”, faltando ainda “medidas fiscais de incentivo ao investimento, que é o que permitirá criar emprego”.

“Temos muitas dúvidas, dado o ritmo e o tipo de medidas que estão a ser implementadas, que se evite chegar ao milhão de desempregados”, concluiu.