Por Alexandra Campos, in Público online
Entre 1 de Janeiro e 4 de Março deste ano, morreram no Norte mais 1385 pessoas do que no mesmo período de 2011, adiantou hoje a Administração de Saúde desta região. O pico da mortalidade por todos os tipos de causas aconteceu na semana entre 13 e 19 de Fevereiro, enquanto em todo o país ocorreu numa semana mais tarde, revela a Administração Regional de Saúde (ARS) do Norte, que amanhã vai apresentar os seus dados epidemiológicos sobre a gripe sazonal.
Neste Inverno, o início da actividade gripal foi mais tardia do que em épocas anteriores e o pico observado foi de “maior magnitude” do que o que se registou nas duas épocas gripais anteriores, refere a ARS, citando os resultados do programa regional de vigilância de gripe – a nível nacional há um programa coordenado pelo Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge.
De acordo com o relatório que resultou desta vigilância, a actividade gripal nos serviços de urgência teve um pico na semana de 20 a 26 de Fevereiro e foram os grupos etários mais extremos (crianças com 10 ou menos anos ou adultos com 60 ou mais anos) os que mais procuraram aqueles serviços por síndrome gripal. Em 8,7% dos casos houve necessidade de internamento e registaram-se 59 óbitos por este motivo.
A ARS do Norte nota que, de acordo com os dados divulgados pelo Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças, observou-se um aumento de mortalidade por todas as causas, principalmente nas pessoas mais idosas, em vários países europeus, “não sendo ainda possível explicar esse excesso de mortalidade”.
Em todo o país, depois de sete semanas consecutivas de mortalidade acima do esperado para este altura do ano, o número de óbitos voltou aos níveis normais, indica o último boletim de vigilância epidemiológica da gripe, divulgado pelo Instituto de Saúde Ricardo Jorge. Na semana de 19 a 25 de Março, a mortalidade por todas as causas voltou a estar “de acordo com o esperado”, refere o boletim. Os dados precisos sobre o número de óbitos acima do esperado registados durante a epidemia de gripe a nível nacional não foram ainda divulgados.
Hoje, no Parlamento, segundo a Lusa, o secretário de Estado adjunto e da Saúde, Fernando Leal da Costa, reafirmou aquilo que já tinha sido anunciado na semana passada pelo director-geral da Saúde:“Para o ano vamos incluir no Plano Nacional de Vacinação a obrigatoriedade da vacina sazonal a todos os doentes em risco, de forma a que através dos cuidados primários essa vacinação integral seja cumprida”.
O director-geral da Saúde, Francisco George, já tinha manifestado preocupação com o défice de cobertura que a vacina tem em grupos de risco. “Os portugueses não dão a devida importância à gripe. Estimávamos que a gripe era responsável pela morte de 1500 portugueses por ano. Agora sabemos que em média 2400 portugueses morrem por gripe todos os anos”, revelou.