Por Pedro Crisóstomo, in Públcio online
O presidente do Banco Central Europeu (BCE) abriu hoje a porta à adopção de novas medidas extraordinárias de combate à crise. Embora sem se comprometer com uma terceira operação de cedência de liquidez aos bancos europeus, Mario Draghi diz ser prematuro discutir uma “estratégia de saída” da política anticrise adoptada pela autoridade monetária da moeda única.
Draghi, que falava aos jornalistas depois da reunião mensal do Conselho de Governadores do BCE, prometeu continuar a seguir de perto a evolução da economia “para ver se o programa [anticrise] convém no quadro actual das condições do mercado”.
Insistindo que as operações de refinanciamento aos bancos europeus lançadas em Dezembro e Fevereiro serviram para acalmar as pressões do mercado, o presidente do BCE lembrou que as medidas são temporárias, mas rejeitou que estejam fora do quadro de competências do BCE.
“Correspondem aos instrumentos mais tradicionais de política monetária”, contrapôs, referindo-se ao facto de os colaterais que os bancos têm de apresentar para se financiarem junto do BCE através de empréstimos baratos a três anos serem terem um risco “equivalente ao dos instrumentos tradicionais”. É uma política “com base na responsabilidade”.
No combate à crise, defendeu, as operações são também “oportunidades para que os governos possam lançar reformas estruturais e medidas de consolidação”.
Com o actual nível de inflação (2,6% em Março), uma recuperação económica frágil prevista para o final do ano e um nível de desemprego “elevado” em alguns países da zona euro, não há margem para mudar de política monetária, sustentou.
Afastando implicitamente os receios da Alemanha sobre os efeitos de uma manutenção da taxa de juro de referência do BCE em 1% (mínimo histórico que o Conselho de Governadores decidiu hoje manter inalterado), Draghi afirmou que não foi discutido na reunião alterar a taxa directora.