Alfredo Maia, in Jornal de Notícias
Mais de 20 mil visitantes são esperados sábado e domingo na Exponor, em Matosinhos. Sinal do crescente gosto por animais de companhia, ou de maior necessidade de companhia, o que não é propriamente bom.
"A grande evolução dos animais de companhia tem a ver com a sociedade". Dita assim, desta forma simples, a frase de Joaquim Moura da Silva, empresário do setor com importação e venda de animais e produtos e uma rede de dez lojas espalhadas pelo país, parece simplista. Mas sintetiza bem as razões da "humanização" recente do animal de companhia, apesar da milenar domesticação de bichos.
"As pessoas idosas estão mais isoladas e o cachorro e o gato são o substituto do filho e do neto", diz. Sabe do que fala. Quando abriu a primeira loja, há 19 anos, logo que recebiam a reforma, lá iam alguns idosos, poucos, comprar a ração para o animal; hoje, é muito mais frequente.
"Essa substituição não é uma coisa boa, porque os idosos devem ter alguma companhia de filhos e netos, outros familiares e outros idosos", alerta o psiquiatra Pedro Monteiro. "Um animal faz muito boa companhia, mas não pode ser um substituto nas relações afetivas".