in Jornal de Notícias
A crise económica na Europa fez aumentar significativamente a pobreza entre a população ativa, e não apenas entre os desempregados, sublinha o relatório anual sobre a evolução do emprego e situação social na Europa, divulgado em Bruxelas.
O relatório, apresentado pelo comissário europeu do Emprego, Assuntos Sociais e Inclusão, László Andor, adverte que "uma redução gradual dos níveis de desemprego pode não ser suficiente para inverter esta situação caso se mantenha a polarização salarial, nomeadamente em resultado do aumento do trabalho a tempo parcial".
Segundo o documento, que faz uma análise à evolução do mercado de trabalho no conjunto da União Europeia, fica demonstrado que "só em metade dos casos um emprego pode ajudar as pessoas a saírem de situações de pobreza, na medida em que muito depende do tipo de trabalho que o indivíduo encontra, mas também da composição do seu agregado familiar e da situação profissional do parceiro".
"Temos de prestar atenção não apenas à criação de empregos, mas também à qualidade desses empregos, de modo a que a recuperação seja sustentável e possa não só reduzir o desemprego mas também a pobreza", defendeu por isso o comissário Andor.
De acordo com o relatório -- que inclui dados até 2012 --, a taxa de risco de pobreza entre a população ativa (dos 18 aos 64 anos) subiu dois pontos percentuais ao longo dos últimos quatro anos, com aumentos em 21 dos 28 Estados-membros, incluindo Portugal (subiu de 15,8% para 16,9% entre 2008 e 2012), sendo que um terço dos adultos em risco de pobreza na UE têm emprego.
O documento assinala que, em Portugal, a pobreza entre a população ativa já era elevada antes e durante a crise, "e é previsível que aumente ainda mais", pelo facto de as condições no mercado de trabalho terem vindo a deteriorar-se desde 2010.
Por outro lado, o relatório revela ainda que, "contrariamente ao que se possa pensar, em situações iguais, as pessoas que recebem prestações de desemprego têm maiores probabilidades de encontrar trabalho do que as que não beneficiam destas prestações".
"Os desempregados que não recebem prestações de desemprego têm menos probabilidades de encontrar trabalho porque não estão tão expostos a medidas de ativação e não são obrigados a procurar emprego para poderem beneficiar das prestações", indica.