in Jornal de Notícias
Um grupo de mais de cem intelectuais, como a escritora Lídia Jorge e o investigador Carlos Fiolhais, apresenta, dia 29, na Fundação Calouste Gulbenkian, o "Manifesto contra a Crise -- Compromisso com a Ciência, a Cultura e as Artes".
Os 131 signatários, entre os quais se contam Mendo de Castro Henriques, professor da Universidade Nova, e a investigadora Anabela Rita, da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, afirmam que "uma política (inter)nacional contabilística, que se prolongará nos tempos próximos, está a arruinar o presente e o futuro de uma geração de estudiosos e de artistas".
Segundo os signatários, estes estudiosos e artistas prometiam "tornar-se uma autêntica 'geração de ouro' para a investigação nas ciências experimentais e nas ciências sociais e humanas, possibilitando que Portugal atingisse e consolidasse um patamar de relevo nos circuitos internacionais da arte, da ciência e das letras".
Os signatários, entre eles a escritora Alice Vieira e o médico Amadeu Prado de Lacerda, salientam não estarem "contra ninguém", afirmando desconhecer qual o efeito deste Manifesto, mas "sentem que não é possível permanecer em silêncio, e desejam afirmar a sua revolta e indignação contra uma situação" que lamentam.
Os subscritores, como Mário Assis Ferreira, editor da revista Egoísta, criticam o "desinvestimento nas criações culturais e na conservação e restauro do património [que] fere a necessária inovação estética e a memória vivas de que uma identidade aberta em constante renovação não pode prescindir, sob pena de empenhamento do futuro".
"A nossa consciência cívica e cultural faz-nos estar a favor de uma política que conceba as Letras, nas Artes e nas Ciências, áreas profundamente inovadoras e criativas de uma sociedade aberta, plural e cosmopolita, como parceiras estratégicas do Estado e atividade social relevante, podendo contribuir decisivamente para o desenvolvimento do país, correspondendo ao investimento nelas realizado e à lição da História", escrevem os subscritores, como o atual diretor do Museu do Chiado, David Manuel dos Santos.
Entre as 131 personalidades que apoiam este Manifesto, contam-se, entre outros, a pintora Alice Valente Alves, a poetisa e professora universitária Ana Paula Tavares, o cineasta António Macedo, o psicólogo e catedrático António Sampaio da Nóvoa, anterior reitor da Universidade de Lisboa, Daniel Pires, do Centro de Estudos Bocageanos, o escritor Gonçalo M. Tavares, José Manuel Esteves, titular da cátedra Lindley Cintra na Universidade de Nanterre, em Paris, Mafalda Ferro, da Fundação António Quadros, a editora Maria João Martins, o ensaísta Paulo Loução e músico Pedro Abrunhosa.
O "Manifesto contra a Crise", sobre a situação global nas artes, na ciência e na cultura, foi posto a subscrição em data anterior à divulgação dos resultados do concurso de 2013 da Fundação para a Ciência e Tecnologia.