22.1.14

Comissão Europeia: “Ter emprego só ajuda a sair da pobreza em metade dos casos”

in Negócios on-line

Uma redução gradual dos níveis de desemprego pode não ser suficiente para inverter o crescimento da pobreza “caso se mantenha a polarização salarial, nomeadamente em resultado do aumento do trabalho a tempo parcial”.

O risco de pobreza entre a população em idade activa aumentou “significativamente” ao longo dos últimos quatro anos na esmagadora maioria dos países da União Europeia onde actualmente viverão cerca de 50 milhões de pessoas, com idades compreendidas entre os 18 e os 64 anos, em risco de pobreza, revela o último relatório sobre a evolução do emprego e da situação social na Europa, divulgado pela Comissão Europeia nesta terça-feira, 21 de Janeiro.

Segundo Bruxelas, o relatório demonstra que “só em metade dos casos um emprego pode ajudar as pessoas a sair de situações de pobreza, na medida em que muito depende do tipo de trabalho que o indivíduo encontra, mas também da composição do seu agregado familiar e da situação profissional do parceiro”.

Uma redução gradual dos níveis de desemprego pode, assim, não ser suficiente para inverter esta situação de crescimento da pobreza “caso se mantenha a polarização salarial, nomeadamente em resultado do aumento do trabalho a tempo parcial”.

“Temos de prestar atenção não apenas à criação de empregos, mas também à qualidade desses empregos, de modo a que a recuperação seja sustentável e possa não só reduzir o desemprego mas também a pobreza”, salientou László Andor, comissário responsável pelo Emprego, em comunicado enviado às redacções.

O relatório revela ainda que em situações iguais as pessoas que recebem prestações de desemprego têm maiores probabilidades de encontrar trabalho do que as que não beneficiam destas prestações. “Assim acontece sobretudo nos regimes de prestações bem concebidos (como os que aplicam uma redução das prestações ao longo do tempo), dotados de condições de acesso adequadas, como a imposição do requisito de procura de emprego”.

Tais sistemas, acrescenta o relatório, “tendem a favorecer uma melhor correspondência entre oferta e procura de competências e, como tal, contribuem para elevar a qualidade dos empregos, o que ajuda as pessoas a sair de situações de pobreza”.