Não tenha Vergonha, Nós ajudamos!’ é a nova campanha que a Câmara de Vizela colocou no terreno para responder às situações de pobreza envergonhada, fenómeno que tem vindo a crescer significativamente em resultado das consequências económicas e sociais da pandemia.
“Da análise da evolução dos pedidos de ajuda que temos recebido e dos casos que nos são indicados pelas Juntas de Freguesia percebemos que há um aumento expressivo da chamada pobreza envergonhada”, explica Victor Hugo Salgado.
O presidente da Câmara de Vizela realça que esta pobreza envergonhada surge sobretudo nas famílias da chamada classe média, que sempre tiveram rendimentos, mas que agora se deparam com dificuldades para conseguir fazer face às despesas correntes.
“São famílias que vivem situações muito complicadas mas com vergonha de pedir auxílio porque não estavam habituadas a pedir ajuda. Esta campanha permite que essas famílias sejam apoiadas sem terem de se deslocar aos nossos serviços”, realça.
Na origem das dificuldades com que estas famílias se deparam estão, na grande maioria das vezes, situações de desemprego e de lay-off que afectam um ou mais elementos do agregado familiar.
“O que nós pedimos é a esses pessoas que em contacto com os nossos serviços de acção social, através da linha de apoio municipal Covid-19 (800 104 100) ou através de email (apoio.municipal.covid19@cm-vizela.pt) porque podem ter a garantia que todo o processo será tratado com descrição.
A ajuda, em forma de cabaz, vai literalmente ter à porta destas famílias, de forma discreta.
Além desta campanha ‘Não tenha Vergonha, Nós ajudamos!’ , o Município de Vizela mantém em funcionamento também o Plano de Emergência Alimentar e Higienização Familiar, que se destina a famílias carenciadas e que reforça os cabazes que são atribuídos pela Santa Casa da Misericórdia.
Este é um reforço consiste, essencialmente, em bens alimentares saudáveis, produtos frescos, adquiridos única e exclusivamente no comércio tradicional de Vizela. O objectivo é ajudar as famílias e também o comércio local.
O edil realça ainda, no âmbito do apoio às famílias, todos os projectos se vão manter abertos a candidaturas e não apenas pontualmente. “O nosso objectivo é que os apoios sociais sejam permanentes”, explica, dando como exemplo as candidaturas às bolsas de estudo que agora podem ser solicitadas em qualquer altura, uma vez que a situação económica do agregado familiar se pode alterar também em qualquer altura.
Câmara já gastou mais de um milhão com a pandemia
Desde o início da pandemia, a Câmara de Vizela já gastou mais de um milhão de euros. A verba é avançada por Victor Hugo Salgado, que realça que esse valor não tem conta ainda o que a Câmara deixou de receber no âmbito das medidas de apoio às famílias, empresas e instituições.
As medidas para mitigar os efeitos económicos e sociais da pandemia tem sido um dos pontos fortes de actuação da autarquia vizelense.
Ainda recentemente, por exemplo, a Câmara assinou mais um protocolo com a Associação Comercial e Industrial de Vizela para a atribuição de apoio económico aos comerciantes dos estabelecimentos de restauração, bebidas e similares de hotelaria do concelho. O objectivo é pagar 100% da conta de água, lixo e energia eléctrica aos estabelecimentos forçados a encerrar com a pandemia. Nos casos dos espaços que estão a funcionar mas com a actividade limitada, por exemplo os restaurantes com take-away, o apoio será de 50%.
Com o objectivo de criar condições para que comércio e restauração possa continuar a sua actividade no actual quadro de medidas, a Câmara lançou a ‘Vizela Proximcity – Vizela em Casa’. “Trata-se de uma plataforma online para promoção e apoio ao comércio e restauração”, explica o edil, realçando que objectivo é ajudar os comerciantes locais a reinventar os seus modelos de negócios, “apoiando-os ainda mais neste momento muito difícil de pandemia e contribuindo para assegurar a retoma económica deste sector dentro do contexto actual”.
Note-se ainda que a autarquia tem em vigor várias isenções, totais ou parciais, de taxas, que beneficiam empresas e famílias.
“É inevitável que o desemprego aumente”
Vizela tem sido dos concelhos onde o desemprego mais se tem agravado, uma situação que não se deve alterar, como admite o presidente da Câmara. “O aumento do desemprego no comércio e na restauração vai ser inevitável e fatal” antevê o edil, lembrando que as empresas estão a deparar-se com quebras muito significativas nas receitas.
“Isto depois é como uma bolo de neve”, explica, lembrando que mesmo as empresas que continuam a trabalhar vão acabar por se deparar com a falta de procura e no caso de Vizela esse factor é muito importante: “Vizela depende muito dos mercados nacional e internacional, pelo que as empresas sofrem com a redução de encomendas e logo redução de receitas”.
Victor Hugo Salgado recorda que a pandemia veio agravar uma situação que já era dramática no concelho. Vizela “já tinha dificuldades antes da Covid-19, concretamente no têxtil e no calçado”, recorda, realçando que a crise pandémica acabou por levar muitas outras empresas a entrar em ruptura. “De acordo com os dados do IEFP a nossa taxa de desemprego aumentou 40% face ao ano anterior, mas eu acredito que seja um aumento superior a isso”, admite, apontando situações de emprego informal que existiam na economia paralela e que deixaram as pessoas desprotegidas e sem acesso aos apoios sociais.


