O combate à pobreza e às desigualdades sociais deve ser a principal prioridade, consideram os cidadãos da União Europeia. Os portugueses são quem lidera essa reivindicação.
Os cidadãos da União Europeia consideram que o combate à pobreza e às desigualdades sociais deve ser a principal prioridade e os portugueses são quem lidera essa reivindicação, revela um inquérito divulgado.
Quase metade (48%) dos mais de 27 mil respondentes inquiridos entre novembro e dezembro de 2020 para o Parlómetro de 2020 (o eurobarómetro do Parlamento Europeu) sinalizam o combate à pobreza e às desigualdades sociais como a prioridade das prioridades. Essa maioria é liderada pelos 1.012 portugueses inquiridos, dos quais 76% destacam aquele combate como primordial.
Na lista de prioridades dos portugueses seguem-se o pleno emprego (muito acima da média europeia: 51% contra 21%), o acesso a uma educação de qualidade e a defesa do ambiente. O combate ao terrorismo e crime organizado, que é a segunda prioridade para a média dos europeus, não está sequer no top cinco dos portugueses.
No que diz respeito ao futuro, os portugueses invertem a média europeia: são mais pessimistas em relação às suas vidas (29% acham que a sua situação vai piorar no próximo ano, mais do que os 24% gerais) do que em relação à economia do seu país (47% contra os 53% de média da UE). Portugal está ainda entre os três países da UE em que há mais inquiridos a assumir dificuldades em pagar as contas, quer habitualmente (15%), quer ocasionalmente (46%).
Por outro lado, os portugueses estão acima da média (72%) na convicção de que o plano de recuperação da UE vai ajudar a economia nacional a recuperar mais rapidamente dos efeitos adversos da pandemia (88%). Entre os cidadãos dos 27 Estados-membros, os portugueses ocupam lugar cimeiro também no reconhecimento dos benefícios de pertencer à UE, com 90%, o que garante o segundo lugar da tabela geral. Acresce que 78% dos portugueses consideram que fazer parte da UE é “uma coisa boa”, acima da média global de 63 por cento.
Os 72% de inquiridos que consideram que os seus países beneficiaram com a integração europeia destacam, entre as vantagens, o crescimento económico (40%), percentagem que os portugueses fazem aumentar para 50%, assinalando ainda a melhoria do nível de vida e uma “voz mais forte no mundo”. Entre 2019 e 2020, mais 19% de portugueses consideram que a UE contribui para o crescimento económico nacional. Portugueses e irlandeses são os que mais aprovam a ideia de uma União Europeia (86%). Portugal fica também em segundo (67%), atrás da Irlanda, na “imagem positiva” da UE, ainda que haja mais portugueses a quererem uma mudança na forma como a UE é conduzida (44%) do que portugueses que aprovam a UE tal como está (42%).
A perceção de que a UE é “uma coisa boa” tem vindo aumentar na última década, 78 por cento dos portugueses concordam com ela e são aliás os portugueses os que menos acham que pertencer à UE é “mau” para o país (2%). Os portugueses estão acima da média na satisfação com a democracia do país (65%), mas ainda mais satisfeitos com a democracia na UE (74%, apenas atrás da Irlanda). Sinal disso é a nota positiva que a maioria dos portugueses atribui ao Parlamento Europeu (54%, acima da média) e a maior relevância que gostavam que tivesse (71%).
O Parlómetro analisa as perceções e as perspetivas dos cidadãos europeus sobre as suas vidas, os seus países e as instituições comunitárias.