15.2.21

Roteiro para a pobreza

Luís Todo Bom, opinião, in Expresso

Ano de 2021 DC. Balanço final do ano. Após uma queda real de (-10%) em 2020, o PIB voltou a cair (-2%) este ano, não se prevendo que recupere o valor de 2019 antes de 2024.

Prosseguiram as falências e o desemprego real, expurgado das habilidades da formação profissional, manteve-se em 12%. Apesar dos 30.000 mortos por covid, só 70% dos portugueses receberam a vacina, este ano. Os restantes 30% serão vacinados em 2022. Os militantes do PS foram todos vacinados no 1º trimestre.

As receitas totais do turismo atingiram um valor da ordem dos 35% do valor de 2019. Poucos ingleses vieram passar férias a Portugal, por força das restrições do ‘Brexit’ e porque só 35% da população portuguesa estava vacinada no final de junho. Situação semelhante com irlandeses, franceses e alemães, por receio de contágios.

O número de funcionários públicos aumentou 10%, assim como a despesa corrente do Estado. A Comissão Europeia manifestou preocupação pelo agravamento estrutural do défice público. Os credores internacionais emitiram avisos e recomendações sobre a insustentabilidade da dívida pública, de 140% do PIB. A maioria parlamentar de esquerda, riu-se. “Ponham-se finos, senão não pagamos.”

A taxa da última emissão de dívida pública subiu 1%, mesmo com o apoio do BCE.

Era bom que estas previsões estivessem erradas? Era. Mas nem a minha fé cristã me ajuda nesse desejo

Os pilotos da TAP ameaçaram com uma greve no Natal se não fossem repostas as remunerações anteriores. O Governo cedeu e as remunerações estão ao nível de 2019. A ‘bazuca’ europeia foi utilizada, prioritariamente, para cobrir os prejuízos da TAP e de outras empresas públicas e para suprir necessidades do Orçamento do Estado e da Segurança Social. Uma pequena parte foi utilizada em projetos de elevado risco tecnológico e em medidas avulso para satisfazer exigências dos partidos de extrema-esquerda. A Comissão Europeia manifestou formalmente algum incómodo, porque teve que explicar, de novo, aos países frugais do Norte da Europa a inevitabilidade de ter de continuar a subsidiar e sustentar este país ineficiente, pouco estruturado, com aversão ao estudo e mal gerido.

Os alunos do 4º ano voltaram a descer no ranking internacio­nal da matemática e o índice de perceção da corrupção também. Fomos ultrapassados por mais um país europeu, estando o nosso país mais próximo de se tornar o lanterna vermelha, o mais pobre da Europa.

Era bom que estas previsões estivessem erradas? Era. Mas nem a minha fé cristã me ajuda nesse desejo.