No balanço da pandemia, o presidente da Cruz Vermelha de Gaia, António Santos, elogia a cooperação entre instituições e diz que o melhor que fica é o trabalho em rede.
Na Cruz Vermelha de Gaia, a Covid-19 foi um regresso às origens, pois foi há mais de 100 anos que abriram portas, em plena pandemia da febre tifóide e da gripe espanhola.
Atualmente, as respostas da Cruz Vermelha vão muito além dos cuidados de saúde e,quando tudo fechou, a primeira emergência foi as pessoas em situação de sem-abrigo. A Cruz Vermelha e outras três instituições criaram uma equipa para ajudar quem não tinha quatro paredes para confinar e quem precisava das ruas com gente e dos cafés abertos para sobreviver.
“Aprontou uma equipa de voluntários sociais de rua para todos os sete dias da semana, por escala, de dois voluntários por dia, entre as 12h00 e as 14h00 estarem com as pessoas na situação de sem abrigo a quem escutavam, dirigiam palavras e serviam uma refeição”, explica António Santos, presidente da Cruz Vermelha de Gaia. Começaram por prestar apoio a 10 pessoas que já estavam sinalizados pela Câmara Municipal de Gaia, mas depressa o número triplicou.
Outra situação a que acudiram foi o caso de cidadãos estrangeiros que perderam trabalho e casa. António Santos diz que, tendo conhecimento do caso, promoveram que “fossem acolhidas num alojamento social partilhado da Cruz Vermelha, durante largos meses, foi praticamente quase um ano, até voltarem a ter novamente emprego e casa”.
Noutra frente de combate, fecharam os centros de dia e os cuidados aos idosos que aí eram prestados, passaram a ser feitos na casa de cada um: “a refeição de almoço reforçada, a higiene corporal, o vestuário, a lavandaria, o arrumo de cómodos, passaram a ser domiciliados. Até a própria animação sócio cultural foi dinamizada para ter lugar na casa de cada utente, com trabalho manuais, pinturas e texto”, descreve.
Os mais velhos que tinham acesso às novas tecnologias também foram acompanhados à distância, com a ajuda dos “voluntários jovens da Cruz Vermelha de Gaia que também se envolveram neste trabalho da animação sócio-cultural, com a criação de desafios semanais, feitos de exercícios interativos à distância de estimulação cognitiva, sensorial e até de amizade comunitária”.
O presidente da Cruz Vermelha de Gaia explica ainda que, com trabalho a fazer em casa de cada utente, faltaram recursos humanos. Valeu a flexibilidade da Segurança Social que permitiu a troca de profissionais entre instituições.
“Foi estimulado pelo Instituto da Segurança Social, designadamente a atenção com que viveram esta situação as técnicas de acompanhamento, eu aqui queria realçar muito porque estiveram sempre muito junto das instituições da rede social e que propuseram a cooperação entre respostas sociais com acordo. Isto é inédito, nunca aconteceu”, reconhece.
Com a implementação desta prática assistiu-se por exemplo, dentro da “própria Cruz Vermelha, por exemplo, do centro infantil educadoras sociais e auxiliares de ação educativa que se ofereceram como voluntárias trabalhar em serviço de apoio domiciliário noutras instituições”.
No balanço da pandemia, António Santos elogia a cooperação entre instituições e diz que o melhor que fica é o trabalho em rede.
Respostas Sociais à Pandemia é uma rubrica da Renascença com apoio da Câmara Municipal de Gaia que surge no seguimento da Conferência "Pandemia: Respostas à Crise" onde se debateu em maio de 2021 o papel das Instituições Sociais e do Poder Local.