in Diário de Notícias
A procura de "saídas alternativas" para a atual crise é o objetivo do Observatório sobre Crises e Alternativas (OCA), que hoje será apresentado em Lisboa, e que será coordenado pelo ex-líder da central sindical CGTP Carvalho da Silva.
"Era importante abrir uma janela na área das crises e das alternativas", disse Boaventura Sousa Santos, diretor do Centro de Estudos Sociais (CES) da Universidade de Coimbra, que promove a iniciativa em colaboração com a Organização Internacional do Trabalho (OIT).
O Observatório sobre Crises e Alternativas deverá contrariar a ideia de que existe uma única solução para a crise, que passa por "mais austeridade", afirmou o sociólogo.
"Domina em Portugal, neste momento, um certo pensamento único acerca da leitura da crise, que normalmente se concebe como uma crise sistémica, mas onde Portugal e os portugueses têm uma grande dose de culpa, por 'viveram acima das suas posses', como se ouve frequentemente", disse.
Na sua opinião, "desse diagnóstico, resulta sempre a mesma solução, que não tem alternativas", que passa por "mais austeridade, consolidação orçamental, cortes sociais e redução de custo salariais", tendo em vista o aumento da competitividade.
"Mas esta política não é a única política possível", defendeu Boaventura Sousa Santos.
O OCA, coordenado por Carvalho da Silva, atual responsável do CES em Lisboa, pretende fazer "uma leitura alternativa dos dados" sobre a crise e, ao mesmo, tempo, promover "uma análise de conjuntura", adiantou.
A apresentação pública do Observatório inclui o lançamento do "Dicionário da Crise", elaborado por investigadores do CES, e uma conferência em que intervêm Boaventura Sousa Santos, Carvalho da Silva e Raymond Torres, diretor do Instituto de Estudos Laborais da OIT.
Tal como a OIT, o Observatório sobre Crises e Alternativas tem empresas e organizações sindicais entre os seus doadores.