22.5.12

As "reformas estruturais são as melhores medidas"

in Diário de Notícias

O secretário-geral da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento (OCDE) defendeu hoje que a economia europeia precisa de "gerar confiança" e considerou que "as reformas estruturais são as melhores medidas de curto prazo de que dispõe" para isso.

Angel Gurría falava esta manhã na sede da OCDE, em Paris, na apresentação do "outlook" económico da instituição, que traça um cenário de divergência entre os Estados Unidos e o Japão, cujas economias estão a retomar o crescimento (2,4 por cento e 2 por cento em 2012, respetivamente), e a Europa, que apresenta uma retoma lenta (0,9 por cento), com o desemprego a aumentar 0,8 por cento até ao final do ano, até chegar aos 11,1 por cento em 2013.

O secretário-geral descreveu uma "previsão nublada" para a economia mundial e defendeu que é preciso, sobretudo no caso europeu, "ação agora".

As "reformas estruturais", sustentou, são as melhores ferramentas à mão dos decisores políticos.

"Podemos desencadear [no caso de alguns países prosseguir] reformas estruturais, eliminando obstáculos à competitividade, reformando o mercado de trabalho, estimulando a formação e a inovação, reintegrando trabalhadores, promovendo a regulação e a educação financeira, promovendo o desenvolvimento regional, criando impostos mais estimulantes para o crescimento económico ou tornando o sistema de pensões sustentável", acrescentou.

Estas reformas, "fundamentais para manter o crescimento a médio e longo prazo", disse ainda, têm também a vantagem de terem "um custo reduzido" e de "mostrarem resultados mais depressa do que o que pensamos".

"O desafio é educação, tradução e comunicação. Se as pessoas entenderem o que se está a fazer, haverá uma injeção de confiança. Por isso defendemos que os Governos devem comunicar claramente o que vão fazer", afirmou.

Angel Gurría sublinhou que a Europa precisa de "quebrar o ciclo vicioso que está a minar a confiança" na união monetária.

Pier Carlo Padoan, economista chefe da OCDE, que apresentou depois as linhas gerais do relatório, chamou a atenção para o facto de não ser possível "ignorar uma deterioração na zona Euro".

O economista salientou que "a consolidação orçamental dos países é um imperativo" e deixou ainda algumas pistas que a Europa pode seguir para estimular o crescimento económico: apostar mais no mercado único, apostar na inovação ["ainda não existe uma patente europeia", lembrou], o Banco Europeu de Investimento pode reforçar o seu apoio ao investimento em infraestruturas e os fundos estruturais podem ser redirecionados.

O documento foi apresentado no primeiro dia da Semana da OCDE2012, que dura até quinta-feira, e cujas sessões se centram na criação de emprego, na procura de um crescimento económico sustentável, que permita, ao mesmo tempo, reduzir as dívidas públicas e as desigualdades.