in Jornal de Notícias
As contribuições dos principais doadores na luta contra a fome e a desnutrição são "lamentavelmente inadequadas", porque apenas cobrem 1% dos 9230 milhões de euros necessários para resolver estes problemas.
Esta é a conclusão de uma análise feita pela organização não-governamental "Ação Contra a Fome", que revela ainda que os doadores não conseguiram cumprir 11% dos compromissos assumidos, que não existem mecanismos de controlo fiáveis a nível internacional e que o auxílio não se dirige necessariamente aos países com maiores índices de desnutrição.
Outro dos problemas detetados é a "natureza reativa e de curto prazo" dos programas de nutrição financiados e que, na sua maioria, surgem como resposta a uma emergência, em confronto com os programas de desenvolvimento a longo prazo que abordam questões estruturais.
Estas são algumas das conclusões do relatório "Ajuda a nutrição", que analisa a transparência, idoneidade e eficácia de programas de ajuda oficial ao desenvolvimento dos países e organizações comprometidas com os Objetivos de Desenvolvimento do Milénio na luta contra a fome e a desnutrição.
O documento lamenta a dificuldade de recolha de dados fiáveis "sobre a ajuda e os programas devido a deficiências nos sistemas de informações dos doadores, resultando numa "importante falta de transparência".
A "Ação Contra a Fome" recomenda a todos os doadores que melhorem os seus sistemas de prestação de contas e transparência, e procedam a uma revisão "independente, precisa e completa" do investimento anual.
Defende ainda que os doadores e os governos devem "aumentar dramaticamente" o seu investimento em intervenções nutricionais específicas e de tratamento e prevenção da desnutrição, tanto em situações de emergência como de não emergência.