23.5.12

Fosso entre portugueses ricos e pobres é muito grande, alerta a OCDE

in Jornal de Notícias

Portugal é dos países da OCDE com piores indicadores na área da educação e participação cívica, apresentando um "fosso considerável" entre os ricos e pobres, segundo um relatório da OCDE sobre a qualidade de vida divulgado esta terça-feira.

Segundo o "Better Life Index", Portugal fez "progressos significativos" nos últimos anos no que toca à modernização da economia e aperfeiçoamento da qualidade de vida dos cidadãos, apesar de a crise financeira global ter enfraquecido o crescimento do país.

No que toca aos índices de bem-estar, Portugal apresenta apenas um nível médio, estando depois abaixo da média em vários outros tópicos.

Ter uma boa educação é um requisito importante para encontrar emprego. Contudo, em Portugal, 30 % dos adultos com idades entre 25-64 têm o ensino secundário completo, muito abaixo da média da OCDE que se situa nos 74%.

O dinheiro, apesar de não comprar a felicidade, é um meio importante para atingirá padrões mais elevados de qualidade de vida.

Em Portugal, as pessoas ganham em média 14.662 euros por ano, menos que a média da OCDE que ronda os 17.917 dólares anuais. Mas existe um fosso considerável entre os mais ricos e os mais pobres: 20% da população mais rica ganha seis vezes mais do que os 20% mais pobres.

Em termos de emprego, mais de 66% das pessoas, entre os 15 e os 64 em Portugal, têm trabalho remunerado, em linha com a média da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE). Cerca de 70% dos homens em Portugal têm emprego, contra 61% das mulheres.

Em média, os portugueses trabalham 1.714 horas por ano, um pouco menos que a maioria das pessoas nos 34 países da OCDE que trabalham 1.749 horas.

Relativamente às tarefas familiares, o documento aponta grandes diferenças entre homens e mulheres.

Enquanto as mulheres em Portugal dedicam 328 minutos por dia aos trabalhos domésticos, os homens gastam apenas 96 minutos a cozinhar, limpar ou a tratar das crianças, muito abaixo da média da OCDE, que é de 131 minutos.

Em termos de segurança, 5,8% dos portugueses afirmam ter sido vítimas de um assalto no último ano, um valor acima da média da OCDE (4,0%).

A nível da saúde, a esperança de vida à nascença em Portugal em 2012 era de quase 80 anos (83 anos para as mulheres e 77 anos para os homens), em linha com a média da OCDE.

Os portugueses apresentam um sentido de participação cívica moderado, com 86% das pessoas a dizer que conhecem alguém em que podem confiar em caso de necessidade, um valor inferior à média da OCDE (91%).

A afluência às urnas, uma medida da confiança pública no governo e no processo político, foi de 64% em eleições recentes eleições, inferior à média da OCDE (73%).

Segundo o documento, 43% das pessoas em Portugal afirmam ter confiança nas instituições políticas, quando a média na OCDE se situa nos 56%.

Em termos ambientais, Portugal tem um bom desempenho em termos de qualidade da água, com 88% das pessoas a afirmaram que estão satisfeitas com a qualidade de sua água, ligeiramente superior ao nível médio da OCDE (85%).

Em geral, 72% das pessoas em Portugal dizem que têm experiências mais positivas (orgulho, realização, alegria) do que negativas (preocupação, tristeza, tédio, etc), durante o dia em linha com a média da OCDE.