in Jornal de Notícias
O Sindicato do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal admitiu, esta quinta-feira, apresentar queixa à Autoridade da Concorrência contra a cadeia de supermercados Pingo Doce por alegado "dumping" na campanha promocional que realizou terça-feira.
Em declarações à agência Lusa, a dirigente do SCESSP Isabel Camarinha disse que os responsáveis sindicais vão, durante o dia de hoje, "analisar e decidir o que fazer" em relação à campanha das lojas do grupo Jerónimo Martins, que no 1.º de maio realizou uma campanha de 50 por cento de desconto nas compras superiores a 100 euros.
"Não pomos de parte a possibilidade de apresentar queixa à autoridade da concorrência", referiu Isabel Camarinha.
"Vamos tomar todas as medidas que estiverem ao nosso alcance, porque estamos perante uma atitude de concorrência desleal em relação aos outros grupos (económicos), além de que foram cometidas imensas ilegalidades contra os trabalhadores", criticou.
Isabel Camarinha lembrou que o sindicado tinha emitido um pré-aviso de greve para o Dia do Trabalhador, que foi "desrespeitado" pela Jerónimo Martins.
Ao sindicado chegaram inúmeros relatos de funcionários do grupo que terão sido "ameaçados" com faltas injustificadas caso não fossem trabalhar, relatou à Lusa.
"Já no ano passado, a Jerónimo Martins tinha decidido desrespeitar o Dia do Trabalhador, abrindo portas. Este ano, não só manteve essa atitude, como escolheu esse dia para promover uma campanha que teve o efeito que foi visto por toda a gente", acusou a sindicalista, sublinhando que chegaram ao SCESSP inúmeros relatos de "ilegalidades cometidas contra os trabalhadores".
Isabel Camarinha denunciou uma outra prática ilegal alegadamente promovida pela empresa Jerónimo Martins: "Os horários de trabalho têm de ser definidos com 30 dias de antecedência, mas a empresa esteve a ligar aos trabalhadores que estavam de descanso ou de férias, para que fossem trabalhar naquele dia".
"Nós sabemos que houve trabalhadores que foram ameaçados de que se não fossem trabalhar no dia 01 [de maio] teriam faltas injustificadas. No Pingo Doce isso aconteceu em muitas lojas pelo país todo, sabendo eles que o sindicato tinha emitido um pré-aviso de greve e, portanto, os trabalhadores tinham todo o direito de não ir trabalhar, mas foram ameaçados com faltas injustificadas se não fossem", disse Isabel Camarinha.
Para o Sindicato do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal, a campanha do Pingo Doce, que na terça-feira ofereceu um desconto de 50% em compras superiores a 100 euros, é sinónimo de "dumping" (vender produtos abaixo do preço).
A iniciativa gerou enorme confusão em todo o país, tendo as forças policiais registado 40 incidentes só naa áreas metropolitanas de Lisboa e Porto.
"A campanha aproveitou-se da crise, da situação em que vivem milhares de famílias e da falta de poder económico que vivem as pessoas, para promover aquela campanha que causou aqueles incidentes todos, porque nem sequer estavam preparados para aquilo", criticou a sindicalista.