9.4.13

Juros mais baixos resultam do BCE e não da austeridade, diz Paul Krugman

in Jornal de Notícias

"Esta descida dos juros não tem nada a ver com a austeridade", sustenta Paul Krugman no seu blogue no "New York Times", atribuindo-a, antes, à intervenção do Banco Central Europeu (BCE) na compra de dívida soberana dos países em dificuldades, nomeadamente Portugal.

Neste contexto, o economista critica a Comissão Europeia - que, na segunda-feira, elogiou a determinação do Governo português em prosseguir a política de austeridade apesar do chumbo do Tribunal de Constitucional a algumas das medidas impostas - quando esta reclama para si e para a sua política os créditos desta descida dos juros das dívidas soberanas e alega que um abrandamento da austeridade levará a nova escalada.

Para Paul Krugman, esta posição da Comissão resulta do facto de a descida dos juros da dívida ser "o único resultado positivo que tem para apresentar após três anos de austeridade".

Segundo sustenta o prémio Nobel da Economia, o "risco moral" inicialmente apontado pelos defensores da austeridade relativamente à intervenção do BCE na compra de dívida soberana - por considerarem que esta "ajuda" poderia levar os países em dificuldades a "relaxarem no aperto do cinto" - acabou por se concretizar, mas relativamente aos próprios apoiantes da austeridade.

"Realmente a intervenção do BCE 'ajudou' algumas pessoas, levando-as a prosseguir as suas más políticas. Mas essas pessoas não são os governos endividados, são os próprios membros da troika (Fundo Monetário Internacional, Comissão Europeia e BCE), que usam o argumento da descida dos juros da dívida para alegarem que a austeridade está a resultar", afirma Krugman.

No domingo, também no seu blogue no "New York Times", Paul Krugman, que tem repetidamente criticado a estratégia europeia de resposta à crise na zona euro, instou os portugueses a "dizer não" a novas medidas de austeridade.