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"Desde que entrou em vigor o Programa de Assistência Financeira, em 2011, o mercado de trabalho português entrou num processo de deterioração sem precedentes", disse Guy Ryder
O Diretor Geral da OIT, Guy Ryder, alertou hoje para a deterioração do mercado de trabalho em Portugal e para as expectativas dos portugueses relativamente aos resultados dos seus sacrifícios e ofereceu ajuda para inverter a situação.
"Desde que entrou em vigor o Programa de Assistência Financeira, em 2011, o mercado de trabalho português entrou num processo de deterioração sem precedentes", disse Guy Ryder na abertura de uma conferência da Organização Internacional do Trabalho (OIT), em Lisboa, sobre a crise do emprego em Portugal.
O dirigente máximo da OIT destacou o crescimento do desemprego em Portugal, com a perda de um em cada sete empregos, e afirmou que a situação não melhorou desde o lançamento do programa de assistência financeira acordado com a ‘troika’.
Considerou que Portugal enfrenta o desemprego mais grave da sua história económica recente e o mais elevado entre os países europeus, a seguir à Grécia e à Espanha.
Na conferência da OIT, que contou com a participação de governantes portugueses e dos parceiros sociais, foi apresentado um relatório com pistas para a resolução da situação do emprego em Portugal.
Segundo a OIT, Portugal poderia reduzir o desemprego até 2 pontos percentuais em pouco mais de um ano, se dedicasse mais atenção às políticas de emprego, embora o ritmo do défice orçamental fosse mais lento em 2014.
"De acordo com as simulações de políticas da OIT, uma maior atenção dada às políticas favoráveis ao emprego contribuiria para reduzir o desemprego até 2 pontos percentuais até 2015. O ritmo de redução do défice orçamental seria mais lento em 2014, mas aceleraria nos anos seguintes", refere a Organização Internacional do Trabalho no relatório.
Na sessão de abertura da conferência, Guy Ryder alertou ainda para as expectativas das pessoas que enfrentam crises como a portuguesa.
"As pessoas que enfrentam crises esperam, em troca dos seus sacrifícios, políticas que produzam efeitos, que tragam resultados, e esperam justiça na distribuição dos sacrifícios", disse, manifestando esperança de que o relatório da OIT possa ajudar a encontrar soluções para a crise.
"Os portugueses esperam resultados e eu espero que a nossa conferência possa ajudar nesse sentido", acrescentou.
O dirigente da OIT disponibilizou ainda a ajuda da OIT para, com os governantes nacionais e os parceiros sociais, se encontrarem novas políticas que criem emprego sustentável.
No relatório discutido em Lisboa ao longo da tarde, a OIT disponibiliza-se para trabalhar com Portugal no sentido de serem criados "melhores empregos para uma melhor economia".
"A OIT poderia fornecer orientações para a identificação e análise de intervenções consideradas boas práticas a nível internacional, com base nas quais o Governo português e os parceiros sociais poderiam escolher programas adequados às suas necessidades específicas", diz no documento.
A organização internacional assegura ainda que "poderia apoiar diretamente a execução dessas políticas através de formação especializada em áreas como a inspeção do trabalho, o diálogo social ou os serviços públicos de emprego".
A OIT disponibiliza-se ainda para "apoiar o Governo na articulação com outras organizações internacionais, de forma a assegurar a execução de uma estratégia macroeconómica e de emprego coerente".
No relatório a OIT defende ainda a necessidade de "um sistema bem concebido de apoio ao emprego ao nível da zona Euro" e um reforço do papel do Banco europeu de Investimento de modo a "desbloquear o potencial de investimento de Portugal".