Por Sónia Peres Pinto, in iOnline
Recorrer ao microcrédito e ao capital de risco são duas alternativas ao crédito bancário tradicional
Criar o seu próprio negócio poderá ser a solução para responder à elevada taxa de desemprego. E, como muitos especialistas defendem, é em alturas de crise que se podem criar verdadeiros negócios de sucesso. Esta tarefa, à primeira vista complicada, é bastante mais simples do que parece. Ter uma boa ideia - embora não seja tudo - é o requisito inicial para constituir uma empresa. A partir daí, é necessário recolher informação e desenvolver a ideia (ver coluna ao lado).
Depois da ideia, é também preciso arranjar capital. O ideal seria que conseguisse financiar o seu negócio com capitais próprios, mas a percentagem de empreendedores que consegue criar uma empresa sem recorrer a financiadores externos é residual. Por isso, deve estar preparado para defender o seu projecto junto da banca, de investidores privados ou empresas de capital de risco. O recurso às instituições financeiras é uma das formas mais comum dos empreendedores conseguirem obter financiamento. O que é certo é que o acesso ao crédito é cada vez mais restritivo, já que a banca está a conceder cada vez menos financiamento devido à crise financeira. De acordo com os últimos dados do Banco de Portugal, a banca concedeu 74 842 milhões de euros às pequenas e médias empresas em Outubro.
Microcrédito Outra hipótese passa por recorrer ao microcrédito. Geralmente esta é a solução para todos aqueles que não têm acesso ao crédito bancário normal e desejam realizar um pequeno investimento. Contudo, o valor do empréstimo tem alguns limites e varia dos mil aos 15 mil euros (ver coluna). O número de contactos feito junto da Associação Nacional de Direito ao Crédito (ANDC) aumentou. "O número aumentou 14% em relação ao período homólogo de 2013, no entanto, "verifica-se que aumentou também o número de pessoas com incidentes bancários activos, pelo que esta subida não se traduziu num aumento de microcréditos aprovados", disse a associação ao i.
Só podem candidatar-se a estas linhas de financiamento desempregados ou indivíduos sem acesso ao crédito tradicional ou incidentes bancários com capacidade para trabalhar por conta própria e que apresentem fiadores. Mas nem todos os projectos são aprovados. "A maioria dos pedidos que recebemos são recusados porque em muitos casos o projecto não tem condições de viabilidade. O potencial micro empresário tem incidentes bancários activos ou por outros motivos, ligados ao negócio ou às suas condições pessoais. Preocupamo-nos em apoiar apenas os projectos que têm condições de sucesso porque o nosso objectivo é ajudar as pessoas a melhorarem as suas condições de vida", salienta a associação.
Segundo a mesma, os pedidos são feitos essencialmente para a área de serviços e comércio local.
capital de risco Apostar no capital de risco é outra alternativa para quem quer lançar o seu negócio, mas não tem o capital necessário. Este é aplicável a projectos de arranque, expansão, modernização e inovação empresarial. O Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas e ao Investimento (IAPMEI) é o principal financiador público de fundos de capital de risco e promove a constituição destes instrumentos em parceria com a generalidade dos operadores privados que desenvolvem esta actividade.
As participações no capital social das empresas através deste instrumento de financiamento concretizam-se pela realização de aumentos de capital que podem ser complementados por suprimentos, prestações suplementares de capital ou outros instrumentos financeiros análogos por parte de um operador especializado de capital de risco, nomeadamente as Sociedades de Capital de Risco (SCR) ou Fundos de Capital de Risco (FCR).
Geralmente as participações são temporárias e, na generalidade dos casos, minoritárias. O operador de capital de risco intervém na empresa com o objectivo de criar valor, alienando a sua participação num prazo médio de três a sete anos. Contudo, as condições de entrada, de relacionamento e de saída são predefinidas num acordo parassocial celebrado entre os promotores e investidores de capital de risco.