2.1.14

"Temos pessoas pobres com email", revela presidente da Cruz Vermelha

Leonor Paiva Watson, in Jornal de Notícias

Luís Barbosa, presidente da Cruz Vermelha, falou com o JN e revelou que uma das grandes preocupações da instituição a que preside vai para a classe média, com "pouca capacidade de reação" ao que lhe está a acontecer


Luís Barbosa centra muito do seu discurso na classe média, avançando que ali estão 20% das situações a que a Cruz Vermelha presta assistência. E que este número seria maior, se as pessoas não tivessem vergonha de pedir ajuda. Ainda assim, esta é uma estatística que vem aumentando, sobretudo desde 2011. No geral, contabilizando todas as situações - e também desde aquele ano -, os pedidos de ajuda aumentaram 100%, revela.

Há pouco tempo, disse-me que uma das maiores preocupações da Cruz Vermelha eram as pessoas que moram no 5.º andar de um prédio simpático. Porquê?

Porque lá há situações muito dramáticas, mas muito escondidas. As pessoas que nascem pobres adaptam-se mais facilmente e vão vivendo com essa pobreza; as pessoas que foram melhorando as suas condições de vida ou que já nasceram num ambiente familiar com melhores condições, quando caem numa situação de pobreza ou de escassez, têm mais dificuldade em reagir, porque não estão preparadas, não sabem o que hão de fazer, sentem-se mais perdidas. Quando se alteram as condições de vida de uma forma rápida, normalmente isso traz um grande drama, de adaptação, de capacidade de reação. Nós sentimos que estas são situações muito dramáticas com que estamos confrontados. As pessoas não sabem o que fazer, nem onde dirigir-se.