21.5.20

Austeridade no pós-pandemia? “Definitivamente, não”, diz comissário europeu da Economia

in Expresso

Segundo o comissário europeu da Economia, a necessidade de reformas ambiciosas prevista na proposta franco-alemã para um fundo de recuperação da União Europeia não vai dar origem a programas de austeridade como na crise anterior

Não vai haver austeridade uma vez concluída a fase de resposta ao choque económico da pandemia, garante Paolo Gentiloni, comissário europeu da Economia, em entrevista ao “Jornal de Negócios” e a outros meios de comunicação europeus, esta quinta-feira.

“Definitivamente, não. Não devemos usar a lógica nem as formulações da última crise. Acho extremamente interessante, e encorajador, o que aconteceu nos últimos dois meses. Ver quão diferente foi a reação a esta crise face à anterior pela simples razão de que esta é uma crise muito diferente, não ligada a esta ou àquela decisão de um determinado país, mas ligada a um choque global e pan-europeu”, afirma.

Segundo Gentiloni, a necessidade de reformas ambiciosas prevista na proposta franco-alemã para um fundo de recuperação da União Europeia não vai dar origem a programas de austeridade como na crise anterior. “A atual resposta não seguiu a lógica cultural de há 10 anos. Isto foi tido em conta pela Alemanha e por França na sua proposta conjunta, portanto, a resposta é não”, explica.

“Temos de usar a recuperação para evitar erros do passado e aproveitar esta oportunidade para corrigir os nossos modelos económicos, com a sustentabilidade em primeiro lugar. Não devemos, por exemplo, repetir o erro de sacrificar investimento a favor de consolidação orçamental”, nota.

No entender do comissário europeu da Economia, “a posição conjunta da Alemanha e de França ajuda muito à construção de um potencial acordo”.

“Persistem posições diferentes, mas a proposta da Comissão será muito sólida e, do lado político, caberá ao Conselho alcançar um consenso. Mas claro que a proposta franco-alemã é uma decisão muito importante e todos os Estados-membros devem considerar que esta é uma situação sem precedentes. Não vou especular sobre um potencial falhanço do processo em curso porque estou confiante de que a responsabilidade irá prevalecer”, aponta.