29.5.20

A pobreza, a doença e o distrito de Setúbal

Diogo Parte, in O Observador

Desde o 25 abril de 1974 que todas as Câmaras no distrito de Setúbal são governadas por socialistas ou comunistas e tudo o que conseguiram foi espalhar pobreza e agora a doença.

O distrito de Setúbal é das regiões da Europa com mais pessoas a viver em barracas. Deixem-me dar-vos três exemplos: as Terras da Costa, na Costa de Caparica; o Bairro do 2ª Torrão, também no concelho de Almada; e o bairro da Jamaica, no concelho do Seixal. Estes são bairros onde as pessoas vivem sem a mínima dignidade e salubridade, sem água canalizada, sem electricidade ou com “puxadas” ilegais, e com esgotos a céu aberto. São apenas três casos entre tantos outros que existem e que os sucessivos responsáveis políticos ignoraram ao longo dos anos. Demasiados anos.

A recente pandemia vem lembrar-nos o que nunca devíamos esquecer: foi o saneamento básico generalizado que permitiu reduzir substancialmente a taxa de mortalidade de muitas doenças, nomeadamente a tuberculose. A infecção por Covid-19 traz-nos agora outros desafios: alguém imagina o que é fazer quarentena a viver numa barraca com mais 10 pessoas?

Chegou a hora de dizer o óbvio, pois desde o 25 abril de 1974 que todas as Câmaras no distrito de Setúbal são governadas por socialistas ou comunistas e tudo o que conseguiram foi espalhar pobreza e agora a doença, sendo o distrito um dos que mais cresce em número de casos de infecção por Covid-19 no país. Não podemos continuar a olhar para o lado e a ignorar a realidade, é imperioso retirar aquelas pessoas daqueles bairros e já o devíamos ter feito há décadas. Não o devemos fazer, apenas, por aqueles que lá vivem, mas por todos. Antes de mais, porque a Constituição que tantos gostam de citar prevê uma habitação digna para todos. Mas também porque, como agora percebemos, trata-se de um problema de saúde pública.

No passado, a criação de bairros sociais criou guetos onde, hoje, a polícia tem dificuldade em entrar e dificultou a integração social dessas comunidades. A resolução deste problema deve passar pela responsabilização das pessoas a realojar, nomeadamente através da obrigatoriedade do pagamento de uma renda, da manutenção do espaço cuidado e limpo, de as crianças do agregado familiar frequentarem a escola. Estas devem ser regras básicas a cumprir por todos que sejam realojados.

Se o socialismo falhou em todo o lado onde foi implementado, caso de Cuba, Venezuela ou Coreia do Norte, porque haveria de resultar no distrito de Setúbal? Não resultou. Somos hoje um dos distritos do país que menos concretiza as inúmeras potencialidades que tem, sobretudo nas áreas do turismo, agricultura e indústria. Somos um distrito pobre, envelhecido e doente. O fecho da urgência pediátrica do Hospital Garcia de Orta depois das 20 horas e ao fim de semana é só um dos exemplos de como os habitantes deste distrito estão condicionados no seu acesso à saúde, sendo este também um direito inscrito na Constituição.
O mesmo governo que gastou 15 milhões de euros a comprar publicidade institucional nos meios de comunicação social (e que o Observador não aceitou), é aquele que também diz que é difícil contratar pediatras para o Hospital Garcia de Orta e que o melhor caminho é obrigar os recém-especialistas a ficarem no SNS para pagarem a sua suposta “dívida”.

Deixem-me ser claro: está na altura de, como país, pararmos para reflectir se é este o caminho que queremos seguir. É este o modelo de sociedade que queremos? Não nos podemos resignar à pobreza. No distrito de Setúbal a Iniciativa Liberal tudo fará para apresentar um projecto político capaz de concretizar o desejo de mudança que as pessoas esperam de nós, batendo-nos por uma redução generalizada de impostos, por um seguro público de saúde para todos e por mais investimento no SNS.
É possível outro caminho.