in Diário on-line
A Direção da Organização Regional do Algarve (DORAL) do PCP manifestou-se hoje preocupada com a degradação da situação social causada pela pandemia de Covid-19, gerando o aumento do desemprego e da pobreza na região.
“Num quadro em que dificilmente a actividade turística será totalmente reposta nos próximos meses, em que são visíveis as limitações e insuficiências das opções do Governo PS para responder à atual situação económica e social, a DORAL do PCP chama a atenção para os perigos da degradação da situação social (incluindo depois do verão), com o aumento do desemprego e da pobreza que atinge já hoje milhares de famílias no Algarve”, salienta a estrutura regional do partido.
De acordo com o Instituto Nacional de Estatística, o número de inscritos nos centros de emprego (26.379 desempregados) mais do que duplicou em abril (subiu 123,9%) face a igual período do ano anterior (11.782 desempregados).
Em comunicado, o PCP criticou “todo o tipo de arbitrariedades nas relações laborais sem qualquer intervenção relevante” por parte da Autoridade para as Condições no Trabalho (ACT).
“Desde a imposição de férias forçadas a milhares de trabalhadores, ao alargamento generalizado da jornada de trabalho e desregulação dos horários, até à situação de salários em atraso, de que o grupo hoteleiro JJW (envolvendo cerca de 500 trabalhadores), propriedade de um multimilionário estrangeiro, é exemplo”, descrevem os comunistas.
A situação das cerca de 70 mil micro e pequenas empresas que constituem o tecido económico algarvio, a que se somam milhares de trabalhadores por conta própria em situação de informalidade, “é também preocupante”, consideram os comunistas.
“O carácter insuficiente e limitado dos apoios que estão a ser concedidos e as inúmeras dificuldades para a eles ter acesso, a retração na procura (menos turistas e menos consumo por parte da população residente), os custos da paragem forçada e, agora, da reabertura de muitas empresas fazem temer pelo futuro”, assinala o PCP.
De acordo com a DORAL, “com o aeroporto praticamente fechado ao longo de meses, com a quebra de centenas de milhar de reservas, com o encerramento forçado por razões sanitárias de milhares de estabelecimentos”, a região algarvia caminha para uma recessão económica “da qual ainda não se conhece a sua verdadeira extensão”, mas que a colocará como “a região do país mais atingida pela crise”.
Além das “respostas imediatas de outro alcance que não as que estão em marcha”, o PCP defende que “o futuro do Algarve reclama uma ruptura com um modelo económico que só beneficia o grande capital”, exigindo a diversificação económica que permita potenciar setores, como a agricultura, a indústria e as pescas.
Durante o período de pandemia, o PCP/Algarve manteve o seu trabalho político, conseguindo 250 contactos com trabalhadores, 39 recrutamentos e “um maior conhecimento e intervenção sobre o mundo do trabalho na região”.