19.10.20

https://agencia.ecclesia.pt/portal/portugal-a-uniao-de-esforcos-contra-a-pandemia-deve-ser-replicada-luta-contra-a-pobreza/

in ACEGIS

O número de pessoas em situação de pobreza extrema no mundo vai aumentar em 150 milhões em 2021 devido à pandemia. O alerta é feito do Banco Mundial.

O mais recente relatório do Banco Mundial — Poverty and Shared Prosperity 2020 — revela que, só este ano, a pobreza extrema deverá atingir entre 88 milhões e 115 milhões de pessoas, podendo chegar a um total de 150 milhões de pessoas em 2021.

De acordo com o presidente do Banco Mundial, David Malpass, é o primeiro aumento em mais de 20 anos, já que à pandemia de covid-19 se associam as alterações climáticas e situações de conflito em vários pontos do globo.

Pandemia pode levar mais 150 milhões de pessoas para a pobreza extrema até 2021

O Banco Mundial define a pobreza extrema como viver com menos de 1,90 dólares por dia (1,61 euros) e deverá afetar cerca de 9,1% e 9,4% da população mundial em 2020, segundo o relatório hoje divulgado.

Os números “representariam um regresso à taxa de 9,2% em 2017”, e segundo o Banco Mundial, caso não tivesse existido a pandemia, a taxa deveria baixar para 7,9%.

“De forma a reverter este retrocesso sério ao desenvolvimento do progresso e à redução da pobreza, os países vão ter que se preparar para uma economai diferente depois da covid-19, ao permitir que o capital, o trabalho, as competências e a inovação se movam para novos negócios e setores”, considerou o presidente do Banco Mundial.

Além da linha dos 1,90 dólares, o Banco Mundial também mede linhas de pobreza nos 3,20 dólares e 5,50 dólares (2,72 e 4,67 euros, respetivamente), estimando que “quase um quarto da população mundial viva abaixo da linha dos 3,20 dólares e mais de 40% da população mundial – quase 3,3 mil milhões de pessoas – vivam abaixo da linha dos 5,50 dólares”.

Segundo o relatório, “muitos dos novos pobres estarão em países que já têm altas taxas de pobreza”, e “um número de países com rendimentos médios verão números significativos de pessoas passarem para baixo da linha da extrema pobreza”, estimando que 82% do total serão nesses países.

O Banco Mundial afirma também que a convergência da pandemia COVID-19 com as pressões do conflito e da mudança climática colocará a meta de acabar com a pobreza até 2030 inalcançável, caso não haja uma implementação de políticas “rápida, significativa e substancial”. Em 2030, a taxa de pobreza global poderá chegar aos 7%.

De acordo com o Banco Mundial, “a desaceleração da actividade económica intensificada pela pandemia deverá atingir as pessoas mais pobres de forma especialmente forte e isto poderia levar a indicadores de prosperidade partilhada ainda mais baixos nos próximos anos”. O relatório apela ainda à acção colectiva para contrariar os indicadores mais negativos, de forma a “assegurar que os anos de progresso na redução da pobreza não sejam apagados”.

Download | Relatório do Banco Mundial — Poverty and Shared Prosperity 2020

A série Pobreza e prosperidade compartilhada fornece as estimativas mais recentes e precisas sobre as tendências da pobreza global e da prosperidade compartilhada. Por mais de duas décadas, a pobreza extrema diminuiu continuamente. Agora, pela primeira vez em uma geração, a busca pelo fim da pobreza sofreu seu pior revés.

Download do Relatório




De acordo com todos os dados e projeçõesponíveis até agora, parece que a pandemia fa COVID-19 já foi a pior reversão no caminho em direção à meta de redução da pobreza global pelo menos nas últimas três décadas