No seu discurso na cerimónia comemorativa do 110.º aniversário da Implantação da República, nos Paços do Concelho, em Lisboa, Fernando Medina defendeu que, depois de uma pandemia que chegou "sem manual e instruções", este é agora o tempo de "prosseguir a adaptação da realização das diversas atividades coletivas à situação da pandemia".
O presidente da Câmara de Lisboa afirmou esta segunda-feira que encara os próximos fundos europeus como "uma oportunidade única" para superar as vulnerabilidades antigas da Área Metropolitana de Lisboa (AML), que também lidera.
"Esta é uma oportunidade que não iremos desperdiçar", assegurou, apontando entre as principais vulnerabilidades da AML as bolsas de pobreza ou as carências de habitação digna.
No seu discurso na cerimónia comemorativa do 110.º aniversário da Implantação da República, nos Paços do Concelho, em Lisboa, Fernando Medina defendeu que, depois de uma pandemia que chegou "sem manual e instruções", este é agora o tempo de "prosseguir a adaptação da realização das diversas atividades coletivas à situação da pandemia".
"Adaptar e não proibir", frisou, considerando que o país não pode "voltar a uma situação de confinamento completo".
O socialista Fernando Medina fez questão de saudar "de forma clara" o Governo PS pela sua proposta de Plano de Recuperação e Resiliência e indicou as quatro prioridades da AML para a utilização da parte que lhe couber.
"Em primeiro lugar, um vasto programa de combate à pobreza e exclusão através da formação e melhoria das condições de empregabilidade", enunciou.
Por outro lado, o autarca propõe "um programa de habitação digna para todos", através da eliminação das situações de grave carência habitacional.
Como terceira prioridade, Medina apontou o reforço dos programas municipais de habitação acessível, dirigida aos jovens e famílias da classe média.
"Cidades multifuncionais, com habitação, emprego, escolas e comércio local tudo a distância feitas a pé ou de bicicleta, são cidades mais vivas", defendeu.
Por último, o presidente da maior câmara do país quer concretizar o que diz estar a ser adiado há décadas: a criação de uma efetiva rede de transporte coletivo pesado na área metropolitana.
"Uma rede de transporte pesado, capaz de assegurar a mobilidade de todos com segurança, conforto e eficácia, libertado todos da dependência e impactos do transporte individual", defendeu.
No arranque do seu discurso, Medina considerou que "mais de cem anos depois os ideais republicanos continuam a nortear a ação e o pensamento político de parte importante do país".
"O direito à educação, à saúde, à habitação para todos como bases de uma sociedade guiada pelo primado da igualdade de oportunidades são valores por muitos partilhados. No fundo, uma ideia de comunidade de iguais", salientou.
Medina discursava perante o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, o presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues, o primeiro-ministro, António Costa, vereadores da Câmara e presidentes dos tribunais superiores.
Ao contrário do que tem sido habitual nos últimos anos, os discursos decorreram hoje no interior dos Paços do Concelho, no Salão no Nobre, e não na Praça do Município.
Devido à pandemia de Covid-19, a cerimónia teve um formato restrito (durou cerca de meia hora) e os poucos convidados estiveram de máscara - à exceção dos oradores - e sentados com distanciamento entre si.
À saída dos Paços do Concelho, Marcelo Rebelo de Sousa, António Costa e Ferro Rodrigues foram acompanhados até às viaturas oficiais por Fernando Medina, sem declarações à comunicação social.