2.4.12

Homem doente vive em miséria extrema

Por: Ana Palma, in Correio da Manhã

Incontinente, com a urina a ensopar-lhe a roupa, Joaquim Serra, de 54 anos, vive numa casa abarracada, sem portas nem janelas, onde o lixo e a porcaria se acumulam, em Ferragudo, Lagoa. Dorme no chão, sobre uma manta imunda. O mau cheiro é indescritível.

Este é apenas mais um exemplo de exclusão social a que conduziu o desemprego e a solidão, agravados pelo álcool, na região.

Joaquim, que vive com 189,52 euros de Rendimento Social de Inserção, já não se lembra há quantos anos veio da Covilhã para o Algarve, depois de se divorciar. Trabalhou como padeiro, nas obras e num parque de campismo, até ficar desempregado. Agora deambula, doente e na mais absoluta miséria, pelas ruas da vila.

O CM encontrou-o na rua do Regato, perto da Junta de Freguesia local, que já sinalizou o caso ao serviço de Acção Social da Câmara de Lagoa. "Estou doente. Piorei nos últimos seis meses. Quando ando dão-me tonturas e caio. Preciso de ajuda e gostava de ir para um sítio onde fosse bem tratado", conta, ao mesmo tempo que bebe um iogurte. "Antes gostava de cerveja, mas deixei-me disso", garante.

Face às precárias condições em que Joaquim vive, o Centro de Apoio a Idosos local ajuda-o ao nível da alimentação, lavagem de roupa e higiene pessoal. Mas isso "não basta", garante Luís Alberto, presidente da Junta, para quem "só a institucionalização" pode resolver o problema.

DESEMPREGO SEM PARALELO NA REGIÃO

O Instituto Nacional de Estatística (INE) revelou que o desemprego no Algarve atingiu os 17,5% no último trimestre de 2011, com o número de desempregados a superar os 34 mil. Um número recorde, sem paralelo nas últimas décadas, que é acompanhado por muitos casos de empresas onde há salários em atraso, nomeadamente grupos hoteleiros. Registam-se quebras acentuadas no turismo (com as mais baixas taxas de ocupação dos últimos 16 anos), restauração, construção civil e pescas, havendo já casos de fome, dizem os sindicatos.