Carlos Santos Neves, in RTP
No conjunto da Zona Euro, a falta de trabalho atinge 10,8 por cento da população ativa, ao passo que entre os 27 países-membros da União Europeia a taxa é de 10,2
A taxa de desemprego em Portugal estabeleceu mais uma marca histórica no segundo mês de 2012, ascendendo a 15 por cento, revelam dados publicados esta segunda-feira pelo Eurostat. Os números do gabinete de estatísticas da União Europeia consubstanciam o agravamento da taxa entre as pessoas com menos de 25 anos, de 35,1 por cento em janeiro para 35,4 por cento em fevereiro. O país continua a extravasar a média da Zona Euro, onde a falta de trabalho atinge 10,8 por cento da população ativa.
No último relatório do Eurostat, Portugal aparece como o terceiro dos países-membros da União Europeia com taxas mais pronunciadas de desemprego. A encabeçar a lista está Espanha, com uma taxa de 23,6 por cento, seguida da Grécia, com 21 por cento, sendo que os dados relativos à situação grega dizem respeito ao mês de dezembro.
Relativamente a janeiro, a taxa portuguesa agravou-se em duas décimas para 15 por cento, o nível mais alto desde o início da publicação de números por parte do gabinete de estatísticas da União Europeia, há 14 anos. Face ao período homólogo do ano passado, a subida foi de 2,7 por cento: em fevereiro de 2011 o desemprego situava-se nos 12,3 por cento.
É entre os jovens com menos de 25 anos que a escalada do desemprego se revela particularmente acentuada. Neste segmento a taxa é de 35,4 por cento, a contrastar com os 35,1 por cento de janeiro. O que equivale também a um novo máximo. Já na distribuição por géneros, a taxa de desemprego é de 15,1 por cento entre os homens e de 14,8 por cento entre as mulheres.
No conjunto da Zona Euro, a falta de trabalho atinge agora 10,8 por cento da população ativa – uma subida de 0,1 por cento face a janeiro que reedita um máximo de 14 anos. Entre os 27 países-membros da União Europeia a taxa subiu igualmente uma décima para 10,2 por cento.
“Desequilíbrios macroeconómicos”
Bruxelas já veio reconhecer que a taxa de desemprego na Europa é “muito elevada”. Contudo, a Comissão Europeia salienta o facto de se ter verificado um decréscimo em oito países-membros, entre fevereiro de 2011 e o mesmo mês deste ano.
Em conferência de imprensa, o porta-voz de Olli Rehn, comissário europeu dos Assuntos Económicos, sublinhou que a taxa de desemprego na Zona Euro “é a mais elevada desde junho de 1997”.
Ao mesmo tempo, Amadeu Altafaj Tardio apoiou-se em perspetivas de alguma recuperação económica a partir do segundo semestre deste ano para manifestar a esperança de uma inversão do quadro.
Por outro lado, avaliou o porta-voz, os números libertados pelo Eurostat resultam não apenas da “crise atual”, mas também de “desequilíbrios macroeconómicos” em alguns Estados-membros.