2.4.12

Cáritas obrigada a comprar alimentos para dar resposta a aumento de pedidos de ajuda

in Público on-line

A Cáritas Diocesana de Viseu viu-se obrigada a comprar alimentos para conseguir dar resposta aos pedidos de ajuda das famílias, que são cada vez mais, esgotando os produtos que estavam armazenados.

“Esgotámos os alimentos na semana passada e, com algum dinheiro que arranjámos no peditório nacional, já comprámos alguns bens alimentares. Não foram muitos, mas já ficámos com alguma coisa”, afirmou hoje à agência Lusa o presidente da Cáritas Diocesana de Viseu, José Borges.

Segundo o responsável, foram gastos cerca de 1.500 euros em produtos alimentares de longa duração como arroz, massa, azeite e conservas.

José Borges estimou que, desde o ano passado, tenha havido um aumento de “60 a 70%” das famílias que pedem ajuda à Caritas Diocesana.

“Entre Janeiro e Fevereiro já contabilizámos 372 famílias, 1.144 pessoas no total. Aumentámos muito. E não damos a mais porque não conseguimos, temos pessoas em lista de espera”, contou.

Por outro lado, acrescentou, “a receptividade das pessoas para dar é boa, mas a oferta é menor, porque também têm menor poder de compra”.

Para tentar minimizar este problema, a Cáritas Diocesana de Viseu está a equacionar fazer em breve uma campanha de recolha de alimentos junto de algumas superfícies comerciais, através de uma equipa de voluntários.

José Borges lembrou que na diocese há outras instituições que ajudam as famílias necessitadas distribuindo-lhes alimentos e admitiu que algumas delas possam receber de vários lados.

“A Cáritas está a pensar num programa informático de maneira a que se saiba se as pessoas sinalizadas num posto de atendimento numa paróquia da diocese estão a ser atendidas também noutro local ou não”, contou, admitindo que, de momento, é difícil conseguir fazer esse controlo.

O responsável referiu que, se há “os mais atrevidos, que pedem em todo o lado”, há também “muita pobreza encoberta, pessoas que não pedem”, porque têm vergonha.

“Nós estamos muito preocupados é com a pobreza encoberta, com os casais sobreendividados, que estão no desemprego. São pessoas que não falam. Às vezes recebemos mensagem através de um amigo”, contou.