7.4.12

Medina Carreira: "Estado social colapsa daqui a seis ou sete anos"

Por Margarida Bon de Sousa, in iOnline

Quem o diz é Medina Carreira, que defende um ministro só para acompanhar esta área. Quanto ao resto, não há omeletas sem ovos


Medina Carreira, ministro das Finanças do primeiro governo constitucional, defende que Passos Coelho deveria ter dois ministros a mais: um para o Estado Social, o elo mais fraco da actual crise, e outro para pensar Portugal estrategicamente. “Os direitos adquiridos deixam de existir se não houver dinheiro”, disse ao i. “Na minha opinião, o Estado social vai entrar em colapso daqui a seis ou sete anos se a situação se mantiver. Ou seja, se houver cada vez menos nascimentos, mais emigração e uma população a envelhecer a cada dia que passa, não é possível manterem-se os actuais níveis de protecção social.”

Escusando-se a comentar especificamente as recentes medidas adoptadas no âmbito da Segurança Social – “estamos a reduzir a democracia a mero paleio em vez de discutirmos os problemas de fundo” –, Medina Carreira defende, contudo, que é impossível fazer-se muito mais quando o país depende de “uma esmola periódica e ainda por cima sujeita a juros”.

Para um dos maiores críticos das finanças públicas portuguesas relativamente ao peso do endividamento e da despesa pública no produto interno bruto, não há forma de se fugir à austeridade, “restando-nos discutir pormenores. Ninguém tem uma solução muito diferente para o actual momento”.

A pergunta a fazer ao primeiro-ministro, defende também, não é quando esta crise acaba, mas sim “quando voltaremos a crescer a uma taxa de 3% ao ano, única forma de garantir mais emprego de uma forma sustentada”.

O economista diz que uma das soluções para o país passa pela atracção de mais investimento estrangeiro. E nessa perspectiva, acrescenta, “a reforma da legislação laboral deveria ter tido em conta a que existe nos países de Leste, como a Eslováquia, com os quais concorremos directamente neste campo”.

Medina Carreira refere ainda que o funcionamento da justiça, o licenciamento das actividades económicas, a corrupção e a burocracia são outros dos factores a travar o crescimento.