17.4.12

Pior que Portugal só a Grécia e o Sudão

Por Judite França, in Agência Financeira

País só vai voltar a crescer 1,5% em 2017, dados muito semelhantes aos que alcançou em 2010. Taxa de desemprego vai continuar elevada

Na longa lista de países que o Fundo Monetário Internacional alinha nas suas projeções económicas de primavera, divulgadas esta terça-feira, Portugal só está pior do que a Grécia e o Sudão, quando se fala de crescimento.

A comparação parece bizarra, sobretudo com um país que está em guerra civil há 46 anos, mas a verdade é que apenas o Sudão e a Grécia têm pior prestação do que Portugal.

Em 2012, a Grécia terá uma recessão de 4,7% e o Sudão irá contrair 7,3%. Na lista dos três piores, o FMI confirma a recessão nacional de 3,3% este ano, mas alerta que no quarto trimestre a contração será ainda de 2,3%. Portanto, quando o primeiro-ministro sublinhou, no debate quinzenal da passada sexta-feira, que acredita que <«até ao final do ano» se avistarão «sinais de inversão do ciclo» talvez tenha de esperar até 2013.

Para o FMI, Portugal estará numa «recessão profunda», da qual só começará a sair em 2013, apontando para uma contração de 2,3% ainda no último trimestre deste ano.

2013 será então pontuado por uma ligeira retoma de 0,3%. Mas com valores tão baixos, o desemprego continuará muito alto, a rondar os 14%, tal como este ano.

Aliás, com a projeção de crescimento de 1,5% apenas para 2017 ¿ dados muito similares aos alcançados em 2010, quando Portugal cresceu 1,4% - é fácil de calcular que, se nos esperam para os próximos anos tão baixos níveis de crescimento, a taxa de desemprego manter-se-á elevada.

No mesmo relatório, a retoma da Zona Euro, segundo previsões do FMI, começará na segunda metade deste ano, mas esta previsão não inclui com certeza Portugal, que estará longe da contração de 0,3% prevista para a área do euro durante 2012. A retoma deverá começar ainda no segundo semestre, e o fundo prevê que em 2013 a Zona Euro regresse a um crescimento modesto de 0,9%.

Mas se esta recuperação não inclui Porugal, também deixa de lado Itália e Espanha; a primeira deverá contrair 0,3%, como Portugal, e Espanha não passará de um crescimento anémico de 0,1%.