Por Natália Faria, in Público online
VOs espanhóis vivem mais tempo. Navegam mais na Internet. Lá, como cá, o abandono escolar ultrapassa os 28%.
As teses iberistas que defendem a fusão de Portugal e Espanha num único Estado parecem ter desaparecido com o seu principal defensor, José Saramago, mas as comparações perduram. Os organismos estatísticos dos dois países confrontaram indicadores e concluíram, por exemplo, que por cada português há quatro espanhóis. E que, a confirmarem-se as previsões, o desequilíbrio irá aumentar. Os portugueses deverão ver diminuída a sua população, enquanto os espanhóis deverão somar mais seis milhões em 2060.
A Península Ibérica compõe-se de 56.626.729 habitantes, dos quais 10,6 milhões são portugueses e 46 milhões são espanhóis. Dentro de 50 anos, os portugueses deverão ficar-se pelos 10,3 milhões e os espanhóis deverão ultrapassar os 52 milhões.
Do outro lado da fronteira vive-se mais tempo: a esperança de vida, à nascença, é de 78,7 anos para os espanhóis e de 83,2 anos para as espanholas; entre os portugueses a expectativa de vida baixa para os 76,1 anos (homens) e para os 81,2 anos (mulheres). A esperança de vida saudável aos 65 anos também é maior em Espanha: 9,2 anos para os homens e 8,4 para as mulheres. Em Portugal, essa expectativa reduz-se para os 6,6 e para os 5,4 anos. Quanto às causas de morte, são as mesmas para os dois países: tumores e doenças dos aparelhos circulatório e respiratório.
Dado curioso é que em Portugal há mais crianças nascidas fora do casamento. Em 2009 – ano em que foi possível encontrar referências comuns aos dois países –, mais de 38% das crianças portuguesas nasceram fora do casamento, enquanto em Espanha essa taxa é de 34%.
Abandono escolar
Relativamente às qualificações académicas, os portugueses saem a ganhar: somam 41 doutorados por 100 mil habitantes contra os 17 espanhóis. Por cá, dois em cada três doutorados são mulheres. A distribuição por género está mais equilibrada em Espanha: 51,2% são homens e 48,8% mulheres.
Quanto ao abandono escolar, nenhum dos países fica bem no retrato: 28,7% portugueses, entre os 18 e os 24 anos, abandonam precocemente a escola; o mesmo se passando com 28,4% dos espanhóis – o dobro do verificado na média da União Europeia (UE). De recordar que, em 2000, o abandono escolar precoce em Portugal atingia os 44,2% e os 29,7% entre os espanhóis.
Na comparação com a média da UE (70%), quer portugueses quer espanhóis acedem muito menos à Internet a partir de casa. Navega-se em 54% das casas portuguesas e 59% das espanholas.