Por Samuel Silva, in Público on-line
Os cortes no financiamento da acção social no ensino superior e de outros apoios sociais estão a levar milhares de estudantes a abandonar as universidades e politécnicos. A avaliação é feita pela União Europeia de Estudantes (ESU) que se solidarizou com os problemas vividos pelos alunos portugueses, lançando críticas às mais recentes medidas aprovadas para o sector.
De acordo com a ESU, desde Setembro do ano passado, cinco mil estudantes deixaram o ensino superior em Portugal por motivos económicos. “A injustiça está a crescer num dos países com mais baixa taxa de educação na Europa”, denuncia o organismo europeu, em comunicado. O presidente da União Europeia de Estudantes, Allan Päll, diz “discordar fortemente” das medidas que têm sido aplicadas ao sector, especialmente os cortes nos apoios sociais”. “Isto coloca especialmente em causa os estudantes provenientes de contextos menos favorecidos”, sublinha o dirigente.
“O investimento no ensino superior deve ser visto como um caminho para fora da crise a longo prazo”, afirma Päll no mesmo comunicado. A ESU critica as “inaceitáveis” reduções dos orçamentos dos Serviços de Acção Social, desde 2009. Os cortes impostos pelas medidas de austeridade nos vários apoios sociais estão a pressionar ainda mais estudantes a deixar o ensino, tanto mais que Portugal tem umas das propinas mais altas da Europa e a percentagem da contribuição das famílias para o ensino superior é já o mais alto do Europa.
Allan Päll reconhece que Portugal está debaixo de uma crise económica e forçado a reduzir o seu défice. Porém, esta é também uma oportunidade para regressar aos fundamentos do desenvolvimento económico e a olhar a longo prazo. “Como país europeu, Portugal necessita de se concentrar na educação e inovação como factores-chave para ter um desenvolvimento sustentável no futuro”, sublinha o presidente da ESU.
“Para ter crescimento económico, Portugal precisa de aumentar o esforço na educação, incluindo nos sistemas de apoio social”, diz o presidente da ESU. O organismo europeu vê os Serviços de Acção Social como peças-chave para assegurar que todos os estudantes têm a mesma oportunidade entrar no sistema de ensino superior.
A União Europeia de Estudantes é uma federação que agrupa 45 associações nacionais de estudantes de 38 países diferentes, representando mais de 11 milhões de estudantes. A associação representa os estudantes em organismos internacionais como o Conselho da Europa, a Unesco e o Fórum Europeu Internacional, tendo sido membro consultivo durante a definição do Processo de Bolonha.