Daniel do Rosário, in Expresso on-line
Comissrio europeu reitera que Portugal "está no caminho certo". Mas os números do desemprego estão acima das previsões.
O desemprego em Portugal vai atingir os 15,5% este ano, devendo cair ligeiramente para 15,1% em 2013, acima das previsões do governo, que já admitiam uma deterioração da situação.
Estes dados constam das previsões económicas de Primavera da Comissão Europeia divulgadas esta manhã em Bruxelas. Tanto em relação a este ano, como ao próximo, estas previsões são superiores às do governo em um ponto percentual.
Também em relação à redução do défice orçamental a Comissão é mais pessimista, antecipando o incumprimento das metas traçadas para este ano. Em vez dos 4,5% esperados no Outono, Bruxelas aponta agora para um valor de 4,7%. A Comissão não refere a necessidade de o governo implementar novas medidas de austeridade para garantir o cumprimento do valor original, mas alerta para a necessidade de uma "execução orçamental mais rigorosa" até ao final do ano.
Questionado sobre se Portugal terá que reforçar a austeridade este para cumprir a meta prevista, na conferência de imprensa em que apresentou estes dados, Olli Rehn, o comissário europeu responsável pelos assuntos económicos e monetários, não respondeu à questão. E deixou igualmente sem explicação a evolução da taxa de desemprego no país, reiterando que a implementação do programa de ajustamento negociado com a UE e o FMI "está no caminho certo".
Nestas previsões a Comissão revê igualmente em baixa o crescimento da economia portuguesa, antecipando uma contracção mais importante do que o esperado. Os novos dados apontam para um encolhimento de 3,3% este ano, em vez de 3% e para um crescimento de apenas 0,3% em 2013, metade do antecipado pelo governo.
Esta deterioração é explicada por Bruxelas pela evolução negativa da situação externa, nomeadamente dos principais parceiros comerciais de Portugal, com Espanha à cabeça, o que vai prejudicar as exportações portuguesas, que têm continuado a ser o principal motor da economia.
A Comissão antecipa ainda a derrapagem do défice orçamental de Espanha (6,4% em 2012, 6,3% em 2013), França (4,5% e 4,2%) e Holanda (4,4% e 4,6%). Desta forma, todos estes países falham a meta de reduzir os respectivos défices para valores inferiores a 3% em 2013, o que relança a discussão em torno da flexibilização destas metas.
Para já a Comissão limita-se a reafirmar que "confia" na determinação dos governos em causa em cumprirem os objectivos traçados e remete uma avaliação definitiva para o final deste mês.