9.5.12

Igreja reclama mais cooperação do Governo para responder a urgências sociais

in Jornal de Notícias

O porta-voz do da Conferência Episcopal Portuguesa, Manuel Morujão, defendeu esta terça-feira em Fátima que a Igreja Católica precisa de mais apoio do Governo para garantir ajuda às pessoas na atual crise.

No final do Conselho Permanente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), que esta terça-feira reuniu em Fátima, o padre recordou o caso denunciado pela União das Misericórdias Portuguesas (UMP), cujo presidente acusou recentemente o Ministério da Saúde de não honrar as suas obrigações e admitiu existirem instituições em situação de rutura e com salários em atraso.

"As Misericórdias estão a ter graves dificuldades em responder - nas suas obras sociais - às pessoas que lhe batem à porta porque não têm chegado as verbas prometidas pelo Estado. Não vemos aí má vontade, mas queremos uma vontade mais cooperante para que a Igreja possa responder a essas urgências sociais", afirmou Manuel Morujão.

O porta-voz da CEP sublinhou que "o Estado terá de olhar para aqueles que estão no terreno, próximo das pessoas, a ajudar a ultrapassar a crise", desejando que o Governo "ponha em prática a boa vontade manifestada".

O padre aproveitou para dizer que "a crise tem credibilizado a Igreja pelas suas múltiplas instituições sociais" precisamente porque "tem estado perto daqueles que precisam".

Na conferência após a reunião do Conselho Permanente da CEP, Manuel Morujão revelou ainda que foi criada uma comissão que irá contar com a contribuição de sociólogos para analisar mais profundamente o inquérito sobre o perfil religioso do português, realizado recentemente pela Universidade Católica Portuguesa, a pedido da Igreja.

O estudo, que pretende perceber como é que os portugueses se situam perante o fenómeno religioso, revelou que, nos últimos onze anos, os católicos diminuíram 7,4%, passando de 86,9% da população para 79,5%.

A existência de menos praticantes é um desafio para a Igreja agir e para adaptar a sua forma de comunicar, sustentou Manuel Morujão, frisando que a criação desta comissão espelha a atitude da Igreja Católica de "não cruzar os braços".