in RTP
Metade dos homens que estudam nas universidades de terceira idade (UTI) portuguesas são levados pelas mulheres, que já as frequentam e constituem a grande maioria dos alunos (76 por cento), tal como acontece em todo o mundo.
A primeira UTI chegou a Portugal em 1976 com a criação da Universidade Internacional da Terceira Idade de Lisboa, no Chiado. Contudo, até 2000, o número destes estabelecimentos permaneceu limitado a Lisboa e ao Porto, ano em que se deu a "verdadeira explosão" de universidades seniores em Portugal, segundo a RUTIS - Associação Rede de Universidades da Terceira Idade
"Quando começámos a trabalhar, em 2001, havia 15 universidades e neste momento são 192. Também passámos de 1.500 alunos para 30.000", disse o presidente da RUTIS, que falava à Lusa a propósito do Ano Europeu do Envelhecimento Ativo, assinalado este ano com várias iniciativas.
Nos últimos anos, têm surgido uma média de 20 a 30 universidades novas por ano, mas ainda "há espaço para crescer, criar mais universidades e ter mais alunos", adiantou Luís Jacob.
Este aumento, segundo o responsável, deve-se "à consciencialização pelo Estado e pela sociedade do papel dos mais velhos, ao envelhecimento da população, a uma maior exposição na comunicação social e à existência de uma rede organizada" de UTI.
As maiores universidades seniores estão localizadas em Almada, no Seixal, Barreiro, Gaia, Amadora e Loures, algumas das quais com 2.000 alunos.
Os alunos são maioritariamente mulheres (76%), com idade entre os 60 e 70 anos, reformados ou domésticas (80%) e com habilitações que vão desde a quarta classe ao doutoramento.
"A grande maioria das universidades (80%) trabalha com professores voluntários (cerca de 3.000)" e nalgumas zonas do país tem "professores a mais do que precisam", disse Luís Jacob.
Em Portugal perto de 30% das UTI foram criadas pelos próprios alunos, estando a maioria das universidades agregada a outra associação, Rotários, associações Culturais ou clube.
Ao longo dos tempos as faculdades autónomas têm perdido terreno em relação às integradas numa associação e autarquias, mas "o facto de estarem integradas numa estrutura não significa, em muitos casos, que os seniores não participem ativamente na gestão e organização da UTI", ressalva o responsável.
Luís Jacob lembrou que "o grande objetivo das faculdades seniores é social, um objetivo que é alcançado através da educação e da formação".
Mas há outros "grandes objetivos": o combate à solidão, ao sentido de inutilidade e à depressão, aprender e partilhar saberes.
Nesse sentido, sublinhou, "as universidades são um bom exemplo de envelhecimento ativo".
"Fizemos um estudo que revelou que os alunos das universidades seniores, em comparação com os outros idosos que não estão a trabalhar, são mais felizes, têm menos sintomas de depressão e consomem menos medicamento (em média, menos 20 por cento)", elucidou.