Ricardo Garcia, in Público on-line
As Nações Unidas decidiram reservar mais cinco dias de negociações para reduzir os diferendos em torno do que poderá ser decidido na conferência Rio+20, sobre desenvolvimento sustentável, em Junho.
Ao fim daquela que seria a penúltima ronda negocial, concluída sexta-feira em Nova Iorque, os avanços sobre o documento a aprovar na Rio+20 foram insuficientes. O texto, que inicialmente tinha 19 páginas, cresceu para mais de 200 páginas com as propostas de alteração apresentadas por diferentes países. Embora se tenha conseguido eliminar já uma centena de páginas, ainda há 400 parágrafos não acordados e apenas 21 mereceram uma concordância de princípio.
O objectivo da Rio+20 é dar uma maior impulso ao desenvolvimento sustentável, duas décadas depois da conferência da ONU que lançou bases internacionais comuns neste sentido. Além de compromissos voluntários das empresas e da sociedade civil, a intenção é aprovar, no Rio, uma declaração política. Mas dois dos seus pontos centrais – a aposta na “economia verde” para superar a pobreza e o estabelecimento de metas para o desenvolvimento sustentável – ainda são foco de desacordo.
A próxima sessão negocial estava agendada para 13 a 15 de Junho, uma semana antes da Rio+20, que decorre de 20 a 22 do mesmo mês. Agora, foram reservados mais cinco dias de negociações, de 29 de Maio a 2 de Junho, em Nova Iorque, para tentar aparar as diferenças e chegar a um documento mais conciso.
“Sejamos francos: presentemente, o texto negocial está muito longe do ‘documento político focado’ exigido pela Assembleia Geral [da ONU]”, disse o secretário-geral da Rio+20, Sha Zukang, citado num comunicado da organização da conferência.
Mais de uma centena de chefes de Estado e de Governo já confirmaram a participação na Rio+20, incluindo o primeiro-ministro português, Pedro Passos Coelho.