15.1.13

Crise impõe solidão sem apoio a cada vez mais idosos

por Agência Lusa, publicado por Susana Salvador, in Diário de Notícias

O presidente da Associação Nacional de Apoio ao Idoso (ANAI), José Ribeiro Ferreira, admitiu hoje que há mais idosos a pedir apoio, mas também um maior número a rejeitá-lo por falta de capacidade económica.

"Os idosos que vivem sós" estão a aumentar, sublinhou à agência Lusa José Ribeiro Ferreira, que avalia o fenómeno em Coimbra através das pessoas que "procuram ajuda" na ANAI.

Mas se aquele tipo de "procura está a aumentar", também se regista uma crescente rejeição desse auxílio, essencialmente "por razões de ordem económica, apesar dos preços módicos" que a ANAI pratica, salienta aquele responsável, explicando a situação, "principalmente, com a crise económica" no país.

"Isto verifica-se em relação à Universidade do Tempo Livre (UTL), mas também relativamente ao apoio domiciliário", sublinha José Ribeiro Ferreira, adiantando que se torna cada vez mais frequente, na ANAI, "reencaminhar-se idosos para outras instituições".

Esse reencaminhamento "acontece, umas vezes, porque quem procura" a ANAI não tem dinheiro para pagar o apoio que pretende, "outras porque não existe capacidade de resposta", como sucede, por exemplo, com "o apoio domiciliário", para o qual a associação só dispõe de uma equipa, que presta apoio domiciliário a cerca de duas dezenas de idosos.

Fundada em 1994, a ANAI inaugura hoje, às 17:00, as suas novas instalações, na rua Pedro Monteiro, na Alta de Coimbra, em prejuízo do edifício que ocupava, desde 2000, na Ladeira do Carmo, na zona histórica da Baixa da cidade.

"A nova casa é mais pequena", mas "os acessos são muito melhores", afirma o presidente da ANAI, adiantando que as inclinadas ruas, com o tradicional piso de pedra rolada, e escadas de acesso ao edifício da Ladeira do Carmo "estavam a afastar pessoas" da Associação.

Cobrando uma propina de 40 euros mensais por aluno, a UTL da ANAI - "uma das primeiras universidades seniores criadas no país" -, é frequentada por cerca de duas centenas de pessoas, distribuídas por vinte cursos.

Além da universidade e do apoio domiciliário, a ANAI, que tem mais de 300 associados, também possui um centro de dia/oficina do idoso e emprega, no total, uma dezenas de técnicos, sendo os dirigentes voluntários.