por João Francisco Guerreiro, in Dinheiro Vivo
Bruxelas admitiu hoje que as novas regras que estão a ser trabalhadas para a resolução de crises espoletadas pela banca inclui a "possibilidade" dos depositantes europeus, com quantias superiores a 100 mil euros assumirem perdas, tal como no plano arquitetado para Chipre.
No entanto, numa tentativa de reparar o estrago causado pelas declarações do presidente do eurogrupo, a porta-voz da comissão Pia Ahrenkilde afirmou que o Chipre é caso "único" e não deve ser encarado como "modelo perfeito".
“Não se pode dizer que seja um modelo perfeito para utilizar no futuro, porque não se chegará a um acordo nas mesma circunstâncias”, afirmou Chantal Huges, porta-voz para o Mercado Interno e Serviços.
Mas, na proposta da Comissão Europeia “não se excluem os depósitos acima dos 100 mil euros, para serem considerados como instrumentos para os cortes”, assumiu a porta-voz, acrescentando que não só “não se exclui”, como é “uma possibilidade”.
O objectivo das regras que estão na fase de debate, entre o parlamento europeu e o Conselho, é “alcançar um ponto em que os contribuintes deixem de pagar pelos erros dos bancos”.
Ontem, Jeroen Dijsselbloem lançou o caos nas bolsas, menos de 24 horas após anunciar um plano de resgate para Chipre. O holandês que preside o eurogrupo foi obrigado mais tarde obrigado a inverter o discurso, dizendo que Chipre é “um caso específico, com desafios excepcionais, que requerem as medidas de autoresgate que negociámos”.
Horas antes, Jeroen Dijsselbloem tinha afirmado numa entrevista à agência Reuters que os termos do resgate, acertados na noite anterior entre as autoridades cipriotas e a troika de credores, que impões avolumados cortes nos depósitos acima dos 100 mil euros era “um modelo para resolver problemas bancários na zona euro”.