25.3.13

FMI diz que evolução do desemprego em Portugal é “infeliz”

in Público on-line

Abebe Selassie diz que é preciso concluir rapidamente o processo de ajustamento

O chefe da missão do FMI para Portugal admite que o aumento do desemprego foi “muito pior” que o esperado, e diz que a única forma duradoura de recuperar emprego é acabar o ajustamento o mais rápido possível.

Em entrevista à agência Lusa, Abebe Selassie, explica ainda que uma das grandes motivações da revisão das metas do défice para este ano, para 2014 e para 2015 – que na prática acaba por resultar em mais um ano para reduzir o défice para menos de 3% do Produto Interno Bruto (PIB) – se deve em grande parte à necessidade de evitar colocar mais pressão sobre o emprego.

“O resultado do desemprego é muito infeliz, é mesmo muito pior que o esperado. É exactamente devido a isto que as metas do défice estão a ser revistas, devido à preocupação de tentar evitar mais pressões sobre o emprego”, afirmou numa entrevista por telefone a partir da sede do Fundo Monetário Internacional (FMI) em Washington.

Os números do desemprego são um dos pontos em que as previsões do Governo têm vindo a falhar sucessivamente. Na sétima avaliação da troika ao programa de ajustamento económico do país, concluída na semana passada, os cenários revistos passaram a apontar para uma taxa de desemprego de 18,2% em 2013 e 18,5% em 2014. No Orçamento de Estado para este ano, a previsão era de 16,4%.

“Penso que a única forma duradoura de criar os empregos, que Portugal tão desesperadamente precisa, é realmente tentar completar o processo de ajustamento tão rápido quanto possível, e estabelecer as bases para o crescimento sustentável. Não podemos perder de vista que o principio base do programa é fazer regressar Portugal a uma situação fundamentalmente melhor do que a que estava quando a crise começou”, acrescentou o chefe da missão do FMI.

Abebe Selassie também mostrou-se desapontado com o facto de os preços da electricidade e das telecomunicações não terem descido e que esta questão é importante para garantir que os sacrifícios são repartidos de forma justa.

“Penso que o principal objectivo para os preços da electricidade, das telecomunicações e de outros sectores não transaccionáveis é se estão em linha ou começam a cair à medida que a concorrência aumenta ou a procura diminui. Até agora não o estamos a ver e isso é muito decepcionante. Se não responderem às condições económicas penso que definitivamente teremos de olhar para o que o se passa e revisitar as reformas”, afirmou o responsável máximo da equipa do FMI para Portugal.