in Diário de Notícias
A troca de seringas que era feita nas farmácias vai estar disponível em centros de saúde de todo o país até ao final do mês, segundo o coordenador do programa de combate à Sida.
António Diniz adiantou igualmente que esta troca já está a ser assegurada no Centro e no Algarve.
Com o fim do programa de troca de seringas que era assegurado pelas farmácias, no final do ano passado, o coordenador do programa de combate à Sida teve de encontrar uma "solução alternativa sustentável no mais curto espaço de tempo", o que acabou por se concretizar através de parcerias com os agrupamentos de centros de saúde (ACES).
"Os cuidados de saúde primários pareceram-me uma boa opção por ser uma estrutura do Serviço Nacional de Saúde [SNS] e que abrange todo o país", afirmou à Lusa, sublinhando que a orientação do programa será assegurada pelos departamentos de saúde pública, em colaboração com os Serviços Partilhados do Ministério da Saúde.
O responsável lembra que esta parcela do programa, que era a que estava a cargo das farmácias, corresponde apenas a um terço do total, sendo que os restantes dois terços vão continuar a ser garantidos por associações sem fins lucrativos que apoiam os doentes com VIH.
Assim, o programa já arrancou em cerca de oito dezenas de centros de saúde das regiões Centro e Algarve, vai arrancar em mais unidades de saúde do Norte e Alentejo durante esta semana e, finalmente, em Lisboa e Vale do Tejo até ao final da próxima semana, anunciou.
"Há muitos centros de saúde com condições para receber e distribuir seringas até ao fim do mês, já temos essa indicação, é só colocá-las lá", acrescentou.
Salientando que se trata de uma "mudança completa", uma "nova função dos centros de saúde", António Diniz elogiou em particular os profissionais que se disponibilizaram para participar no programa, considerando que "ter um programa novo implantado no país em três meses é uma vitória".
O primeiro objetivo são as zonas afetadas pelas farmácias que deixaram de distribuir seringas, são as que têm de ficar cobertas mais rapidamente, assinalou.
Por outro lado, é importante disponibilizar a troca de seringas em zonas com maior incidência de toxicodependência e que não tinham boa cobertura das farmácias.
Nesse aspeto, esta mudança trouxe uma "melhoria ao programa", considera António Diniz, exemplificando com o caso da margem sul.
Uma das razões que levaram a que o programa arrancasse primeiro no Centro e no Algarve prende-se com o facto de ter havido vários pedidos de consumidores de droga aos centros de saúde, para saber quando poderiam lá ir trocar as seringas.
O coordenador do Programa Nacional de Prevenção e Controlo para a Infeção VIH/Sida alerta contudo que a troca de seringas não vai estar disponível em todos os centros de saúde, mas de acordo com as necessidades.
Quanto à distribuição de preservativos, António Diniz afirmou estarem disponíveis seis milhões, não sendo expectável que venha a haver falta até ao final do ano.
O responsável falava a propósito de uma quebra na distribuição de preservativos verificada entre novembro e dezembro do ano passado, o que se ficou a dever a uma necessidade de racionamento.
Contudo, no final de dezembro foi reposto o stock, estando atualmente disponíveis os preservativos que não se gastaram no ano passado mais os que foram adquiridos este ano.
António Diniz lembrou que estes preservativos destinam-se às estruturas que não são de saúde, tais como escolas, universidades, organizações festivas ou Organizações Não Governamentais.
A responsabilidade da distribuição de preservativos nas estruturas de saúde cabe às respetivas administrações Regionais.