Por Ana Sá Lopes, in iOnline
José é o chefe do clã nómada que deixou o i infiltrar-se no seu acampamento. Dedica--se à criação de cavalos e não à "venda de morte"
Está quase: no dia 1 de Janeiro, quarta--feira, búlgaros e romenos vão passar a circular livremente em território europeu. O acesso dos dois países ao direito da livre circulação está a aterrorizar a velha Europa, que sempre lidou pessimamente com as comunidades ciganas - basta lembrar as deportações do tempo de Sarkozy e o discurso xenófobo do actual ministro socialista francês do Interior, Manuel Valls. Agora, foi o Reino Unido que decidiu apertar brutalmente a lei da imigração, rompendo assim com os tratados que o país assinou. Cameron teme a invasão de romenos e búlgaros, embora a Comissão Europeia se esforce por apaziguar os medos do governo conservador que, em parte, são partilhados pelos trabalhistas na oposição. O Alto- -Comissariado para os Refugiados, chefiado por António Guterres, fez uma crítica demolidora às novas leis e recebeu insultos de vários deputados conservadores. Mas a Grã-Bretanha não está isolada no seu medo às comunidades imigrantes da Roménia e da Bulgária: Áustria, Bélgica, França, Alemanha, Luxemburgo, Holanda e até Espanha (apenas para os romenos) introduziram já limitações.
José é o chefe do clã nómada que deixou o i infiltrar-se no seu acampamento. Dedica-se à criação e venda de cavalos e não ao negócio "da morte" (venda de droga), como lhe chama. A família (e os cavalos que criam) acampam onde a sua presença é tolerada. Foi difícil José aceitar a presença de um fotógrafo no seu acampamento. Afinal, um membro da comunidade cigana desconfia de um "gadjo" - um não-cigano - a viver e a passear entre as suas coisas, as suas tendas, os seus cobertores, as suas crianças. Passada a desconfiança inicial, tudo se tornou mais simples. Mas não é esta a história dos ciganos na Europa: do extermínio pelos nazis ao medo presente da invasão romena e búlgara, este filme é de terror.