Alexandre Panda e Nuno Silva, in Jornal de Notícias
Obrigados a trabalhar de sol a sol em quintas de Espanha, eram espancados e não tinham direito a salário. Caso de escravidão de trabalhadores portugueses levará mais seis indivíduos a julgamento, no Porto.
Os arguidos - cinco homens e uma mulher, residentes em localidades de Trás-os-Montes - terão integrado grupos organizados, ou "clãs", que se dedicavam a angariar trabalhadores que depois exploravam para ter lucros. São indivíduos ligados àquela que foi considerada a maior rede de escravidão detetada em Portugal, com 48 arguidos e atualmente a ser julgada. Neste novo processo, que chega a tribunal em outubro, nas Varas Criminais do Porto, são identificadas 11 vítimas, embora haja referência de outras dezenas que terão estado na mesma situação. Muitos não quiseram queixar-se às autoridades por medo, como é referido na acusação do Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) do Porto.
Os "clãs" tinham alvos bem definidos. Recrutavam preferencialmente pessoas em situação de maior vulnerabilidade: desempregados, de baixa escolaridade e qualificação profissional, e por vezes com deficiência e viciados em álcool e drogas.