9.7.14

Emigração portuguesa para a Suíça regista recorde

por Lusa, publicado por Marina Almeida, in Diário de Notícias

A Suíça registou um número recorde de 13 mil chegadas de emigrantes portugueses em 2013, segundo dados da Secretaria de Estado da Economia suíça (SECO) que constam de um relatório divulgado hoje em Berna.

No contexto de recessão de 2009, a imigração estava a diminuir sensivelmente, mas esta tendência mudou novamente em 2010 e "o saldo migratório atingiu um pico recorde em 2013 com um aumento de 13.000 pessoas", refere a SECO, que publicou hoje o seu 10.º relatório sobre a livre circulação das pessoas (ALCP) entre a Suíça e a União Europeia (UE).

O relatório indica que nos anos 1990 a imigração era quase nula (0,59%), mas desde 2002 a população residente na Suíça aumentou 0,96% ao ano.

Entre 2002 e 2013, cerca de 40.700 pessoas emigraram por ano para Suíça e só no ano passado entraram 66.200 imigrantes oriundos da zona UE/AELE, ultrapassando o recorde de 61.200 imigrantes em 2008.

De maneira geral a imigração da Europa do sul aumento sensivelmente desde 2008.

Em 2013, os cidadãos portugueses no saldo migratório de todos os Estados da UE-27/AELC (Associação Europeia de Livre Comércio) era de 20%, enquanto 50% do total de imigrantes era oriundo dos países mais afetados pela crise do euro (Grécia, Itália, Portugal e Espanha).

De acordo com o Observatório Suíço das Migrações (ODM), a população estrangeira contabilizava 1.949.000 de pessoas até dezembro 2013, um aumento de 70.000 pessoas em relação ao ano anterior.

Hoje, uma em cada quatro pessoas residentes na Suíça é estrangeira, diz o documento.

Os italianos e os alemães representam 16% (cada um) dos estrangeiros, seguidos pelos portugueses (13%).

A população estrangeira na Suíça, residente permanente e residente temporária, passou de um aumento de 26.000 pessoas por ano entre 1991-2001 para 40.500 pessoas por ano entre 2001-2013.

Inicialmente, este aumento devia-se à entrada de cidadãos fora de Europa, mas depois o crescimento da população estrangeira começou a ser gerado em grande parte pelos cidadãos europeus desde da entrada em vigor do acordo sobre a livre circulação (ALCP).

Os europeus constituíam 89% do crescimento da população estrangeira na Suíça, distribuída entre os alemães (36%), portugueses (23%), franceses (10%) e britânicos (4%).

O relatório refere ainda que os portugueses, os italianos e os espanhóis trabalham principalmente no setor da construção, da hotelaria-restauração e da agricultura.

Em 2013, com 31% de estrangeiros, o setor da construção registou a maior aumento de mão-de-obra estrangeira dado a boa conjuntura no país. No caso do setor hoteleiro, o número de trabalhadores imigrantes diminui para 33% em 2013.

No caso dos cidadãos portugueses, a taxa de desemprego é mais elevada porque essa comunidade é bastante ativa naqueles setores e porque trabalham em regiões da Suíça onde o desemprego é estruturalmente superior.

Este relatório analisa as consequências do acordo sobre a livre circulação das pessoas no mercado de trabalho suíço e nas prestações da segurança social, como o desemprego ou o apoio social.

Este relatório do SECO, realizado em conjunto com ODM, OFS (Gabinete Federal das Estatísticas) e OFAS (Gabinete das Seguranças Sociais), conclui que o balanço da imigração europeia para a economia suíça é globalmente positivo.

No entanto, o ODM encomendou um estudo externo para continuar a observar a evolução da imigração e compreender o impacto no mercado do trabalho com mais precisão. Os resultados deste estudo deverão ser publicados no próximo outono.

O relatório hoje divulgado alerta também sobre a modificação do artigo 121.º da Constituição federal na sequência da iniciativa contra a imigração, aprovada em referendo dia 09 de fevereiro deste ano, a qual prevê a introdução de contingentes e a prioridade para os trabalhadores locais.

"Em caso de uma limitação importante da imigração nas condições conjunturais e atuais, as perdas a nível de potencial de crescimento e também de consequências negativas sobre o mercado de trabalho poderiam ser sentidas", conclui o documento.