Ana Dias Cordeiro, in Público on-line
Em 2012, Portugal foi, entre os 28 da União Europeia, o país com o menor índice de fecundidade.
Mais de metade dos homens e mulheres portugueses em idade fértil não pensa ter filhos ou mais filhos. Se juntarmos a este número os que não tencionam ser pais nos próximos três anos, a percentagem sobe para 75,1%. Entre estes, os custos financeiros associados à maternidade e paternidade são o motivo mais indicado para não ter filhos. Feitas as contas, até 2017, apenas um quinto das mulheres e homens planeiam ter filhos em Portugal. São 20,8% em média, ponderando esse desejo nas mulheres (21,8%) e nos homens (20%).
As conclusões do Inquérito à Fecundidade 2013, publicado nesta segunda-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), confirmam a tendência para a queda da fecundidade, iniciada há 40 anos, mas mantida em níveis que não permitem renovar as gerações e evitar o seu declínio desde o início da década de 1980. Para garantir a substituição das gerações, seria preciso uma mulher ter, em média, 2,1 filhos — um nível apenas atingido em 2012 em França e na Irlanda, quando se olha para a realidade dos 28 países da União Europeia (UE).
O estudo, realizado entre Janeiro e Abril de 2013 e resultante de uma parceria entre o INE e a Fundação Francisco Manuel dos Santos, nota ainda que, com a tendência verificada, Portugal passa a estar entre os países da Europa com os mais baixos níveis de fecundidade. Entre os 28 da UE, Portugal foi, em 2012, o país com o menor Índice Sintético de Fecundidade (ISF). O valor não foi além dos 1,28 filhos por mulher, quando a média é de 1,58 filhos por mulher.
Abaixo deste valor estão países como Espanha, Grécia e Itália. Acima, e além da França e da Irlanda, estão o Reino Unido, Suécia, Finlândia, Bélgica, Dinamarca ou Holanda.
Em Portugal, no universo das mulheres em idade fértil (entre os 18 e os 49 anos) e dos homens dos 18 aos 54 anos, as pessoas têm em média 1,03 filhos mas pensam vir a ter 1,78. Este é o valor da fecundidade final esperada, que em todas as sete regiões do país — Norte, Centro, Lisboa e Vale do Tejo, Alentejo, Algarve e ilhas (Açores e Madeira) — é inferior ao número médio de filhos desejados. E este último fica sempre abaixo do número médio ideal de filhos numa família.
Os constrangimentos sociais e económicos, ou a percepção das dificuldades que podem vir a ter, são apontados pela maioria dos inquiridos como factores que pesam na escolha de ter filhos.