4.7.14

Sem apoio às famílias “estamos a dar cabo da nossa própria sociedade”

por Ângela Roque, in RR

Novo Bispo de Aveiro tem 58 anos e foi ordenado padre em 1982. À Renascença conta como soube da notícia, fala das suas prioridades e da preocupação que tem com a evolução negativa da natalidade no país e na Europa.

D. António Moiteiro Ramos foi nomeado, esta sexta-feira, pelo Papa para ser Bispo de Aveiro. Estava há dois anos como auxiliar de Braga. Em entrevista à Renascença conta como soube da notícia, fala das prioridades para Aveiro e da preocupação que tem com a evolução negativa da natalidade no país e na Europa.

Soube que tinha sido escolhido quando estava em Roma, a semana na passada. Foi na véspera de se encontrar com o Papa na audiência-geral: “No dia seguinte, quarta-feira, dia 25, estive com o Santo Padre e falei com ele acerca da nomeação”. Francisco disse-lhe que encarasse a nova missão “com alegria e confiança, que Deus não falha nunca”.

Em Aveiro o novo bispo quer manter o dinamismo criado pela “Missão Jubilar”, que celebrou os 75 anos da restauração da diocese, e seguir os conselhos do actual Papa dados na Exortação Apostólica “A Alegria do Evangelho”. As famílias e os jovens serão duas das suas prioridades: “Na saudação que envio à diocese de Aveiro faço uma referência aos jovens, com uma palavra de muita estima e carinho, relembrando-lhes que são eles o rosto jovem da Igreja. E é neste campo que me quero inserir também nas terras de Aveiro, dar prioridade aos jovens e às famílias jovens, porque o futuro da Igreja passa por aqui”.

Futuro da Igreja e do país
A experiência que teve em Braga aumentou a preocupação que já tinha em 2012, quando foi nomeado bispo auxiliar, com a fraca taxa de natalidade. Em dois anos fez “mais de uma centena de visitas pastorais”, e comprovou que na zona mais interior da diocese “a natalidade é muito baixa”. Garante que “mesmo nas paróquias à volta da cidade de Braga começa a sentir-se a dificuldade de manter as escolas do 1º ciclo abertas, e isto é, podemos dizer, uma tragédia ao nível da substituição de gerações, de forças vivas para as nossas comunidades e para a sociedade civil”.

“Se Braga é o distrito mais jovem do pais, e até da Europa, e se já tem estas dificuldades, como não está resto do pais e da Europa?”, pergunta D. António Moiteiro, para quem ajudar as famílias a terem mais filhos devia ser a prioridade de todos, governo e Igreja incluídos: “tudo o que pudéssemos fazer para ajudar neste campo era fundamental”. Não entende, por isso, que em vez de mais apoio haja é cada vez mais cortes, como os do abono de família. “Reduzindo os abonos e não apoiando as famílias com mais de dois filhos, estamos a dar cabo da nossa própria sociedade em que nos encontramos”.

D. António Moiteiro Ramos, de 58 anos, é natural da aldeia de João Pires, no concelho de Penamacor, que pertence à diocese da Guarda e ao distrito de Castelo Branco.

Ordenado padre em 1982, doutorou-se em Teologia Pastoral, desempenhou funções de pároco e foi director espiritual do Seminário Maior da Guarda. Em 2012 foi nomeado bispo auxiliar de Braga. Segue agora para a diocese de Aveiro que estava sem bispo desde que D. António Francisco dos Santos foi para a diocese do Porto, em Abril desde ano. O cargo de administrador diocesano tem sido desempenhado por Monsenhor João Gaspar, a quem o novo Bispo agradece o empenho e dedicação na Mensagem de Saudação que já enviou à Igreja de Aveiro.