Mafalda Ganhão, in Expresso
Centenas de imigrantes foram esta quarta-feira obrigados a deixar o campo da cidade portuária de Calais, onde viviam em condições miseráveis, na esperança de conseguir atravessar o Canal da Mancha e chegar a território britânico.
De olhos postos no outro lado do Canal da Mancha, onde se avista a Grã-Bretanha, as centenas de imigrantes que se fixaram em Calais, França, para tentar cumprir o sonho de entar em território britânico, ficaram esta quarta-feira mais longe de o alcançar.
Numa operação lançada bem cedo, pela manhã, a polícia começou a evacuar o principal campo de imigrantes desta cidade portuária, numa tentativa para resolver um problema antigo, de vários anos, mas que se agravou particularmente desde maio, depois de terem sido desmantelados outros três campos, o que levou ao aumento da população concentrada - a maior parte em tendas - num centro de distribuição de alimentos na área portuária de Calais.
Testemunhas falam em pelo menos 500 pessoas residentes no local, suportando condições miseráveis, sem desistir de cruzar a fronteira. Homens, mulheres e crianças, oriundos sobretudo de África e do Médio Oriente e cujo número aumentou exponencialmente também por causa dos conflitos existentes em países como o Afeganistão e a Síria.
"Tudo começou por volta das 6h. Eu estava lá dentro. Os agentes chegaram, bloquearam todas as saídas e usaram gás lacrimogéneo para impedir as pessoas de fugir", disse uma voluntária, citada pelo "Le Parisien". "As pessoas estavam a dormir. Não tiveram tempo para sair", acrescentou.
Durante os primeiros cinco meses do ano, cerca de três mil imigrantes ilegais foram interceptados em Calais, contra 300 durante o mesmo período em 2013, informa o "Le Monde".