Raquel Almeida Correia, in Público on-line
O salário médio dos trabalhadores do sector privado na Grécia caiu 20% no espaço de cinco anos. De acordo com dados divulgados neste domingo pelo jornal Kathimerini, citados pela AFP, a remuneração mensal bruta caiu de 1014 para 817 euros entre 2009 e 2013.
O jornal helénico, que se baseia em informação das autoridades estatísticas do país, refere que quatro em dez trabalhadores ganharam menos de 750 euros por mês no ano passado, o que corresponde a 630 euros líquidos. A maioria (53,7%) recebeu uma remuneração abaixo de 1000 euros (cerca de 820 euros líquidos).
Por outro lado, o número de trabalhadores do sector privado com salários acima de 4000 euros registou um acréscimo de 56% entre 2012 e 2013, conferindo-lhes um peso 3% do total no ano passado.
Já o número de assalariados com contrato a tempo parcial também subiu, na ordem dos 41%, o que fez com que passassem a representar perto de um quarto do universo global.
Fruto da intervenção das autoridades externas, em Abril de 2010, a Grécia viu-se forçada a aplicar medidas de austeridade para ajustar as contas públicas, com consequências para os rendimentos da população.
O salário mínimo nacional, fixado em 580 euros (511 para os trabalhadores com menos de 25 anos) vai ficar congelado pelo menos até 2016. E o desemprego continua a ser o mais elevado da União Europeia, tendo a taxa superado os 27% em Maio deste ano.
Ligeira subida em Portugal
Em Portugal, os últimos dados conhecidos, compilados pelo Gabinete de Estratégia e Estudos do Ministério da Economia, apontam para um ganho médio mensal de 1125,9 euros para os trabalhadores por conta de outrém a tempo completo, em Outubro de 2013. Face ao período homólogo, tratou-se de um aumento de 0,2%.
No entanto, relativamente a Outubro de 2011 (o período de comparação disponível), trata-se de um recuo de 1,6%, visto que naquela data a retribuição média era de 1142,6 euros. Os dados não abrangem, porém, os trabalhadores a tempo parcial.
Já no sector público, o salário médio mensal na administração central foi, em Janeiro deste ano, de 1451,5 euros. De acordo com a Síntese Estatística do Emprego Público, divulgada pelo Ministério das Finanças, trata-se de uma redução de 5,9%, para a qual contribuíram de forma decisiva os cortes aplicados desde 2011 – cujo regime será reposto agora, depois de o Tribunal Constitucional ter chumbado, no final de Maio, um agravamento das reduções remuneratórias na função pública.
Tal como na Grécia, os cortes salariais também foram impostos na sequência do programa de assistência financeira acordado com a troika em 2011.
BCE defende aumentos na Alemanha
Na Alemanha, os salários dos trabalhadores têm vindo continuamente a subir, o que o economista-chefe do Banco Central Europeu (BCE) justificou com a situação económica do país.
Em entrevista ao Der Spiegel, citada pela AFP, Peter Praet afirmou que os aumentos salariais são adequados tendo em conta que “a inflação é baixa e o mercado de trabalho está em boas condições”.
Ainda assim, o responsável defendeu que, nos países em a crise persiste, também deve ser seguido o mesmo caminho para “recuperar a competitividade”.